PM afirma em depoimento que retirou objetos de cena de crime em Paraisópolis, diz site
PM afirmou que recolheu cartuchos, estojos, carregador de pistola, coldre, um celular e um relógio do local, para que não fossem perdidos
Um policial militar que estava na ocorrência de tiroteio em Paraisópolis (SP), relatou em depoimento à Polícia Civil que mexeu na cena do crime por temer que objetos fossem retirados do local por outras pessoas. A informação foi revelada pelos jornalistas Herculano Barreto Filho e Luís Adorno, do UOL.
O tiroteio aconteceu no último dia 17 e paralisou a agenda do candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo revelado pelos jornalistas, em depoimento à Polícia Civil, um tenente da PM que teve o fuzil apreendido após participar do confronto relatou ter mexido na cena do crime.
Conforme ele afirmou, recolheu cartuchos, estojos, carregador de pistola, coldre, um celular e um relógio do local, alegando "que seria para que não fossem perdidos ou subtraídos por populares". O relato consta em boletim de ocorrência.
O policial militar também afirmou que foi um dos primeiros a chegar no local para ordenar o patrulhamento nas imediações do espaço em que seria cumprida a agenda da campanha de Tarcísio.
Em nota enviada ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que a Corregedoria da Polícia Militar e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil, investigam os fatos e todas as circunstâncias havidas no local para cabal esclarecimento, não desprezando qualquer informação ou dados que possam contribuir para elucidação das questões de ordem penal ou administrativa.
Pedido para apagar vídeo
Nesta terça-feira, 25, a Folha de S.Paulo publicou um áudio em que mostra que um integrante da campanha do Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio. De acordo com a reportagem, após o tiroteio, o cinegrafista e outros profissionais de imprensa foram levados em uma van da campanha a um prédio usado pela equipe de Tarcísio.
No local, foi perguntado ao profissional da emissora sobre o que ele havia filmado e a ordem para que ele apagasse as imagens. "Você filmou os policiais atirando?", questiona um integrante da campanha. "Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras", responde o cinegrafista. O membro da campanha ainda pergunta se ele havia filmado as pessoas que estavam no local onde o evento com Tarcísio foi realizado. "Você tem que apagar", diz o segurança.
Após a repercussão do áudio, a campanha do candidato divulgou uma nota em que nega qualquer impedimento de veiculação de imagens em relação ao tiroteio. Segundo a campanha, houve apenas um pedido para que não fossem enviadas imagens que expunham as pessoas que estavam no local, incluindo jornalistas.
De acordo com a campanha do ex-ministro da Infraestrutura, há uma "grave tentativa de descontextualização do episódio em Paraisópolis e de interpretação equivocada do áudio divulgado". "Em primeiro lugar, o cinegrafista, bem como outros jornalistas que estavam em situação de risco, foram colocados na van da equipe de Tarcísio para garantir a sua segurança na saída do local. Nesse momento, foi pedido que não fossem feitas imagens internas do carro e nem na chegada da base de trabalho da equipe para que ninguém fosse exposto dada a gravidade do ocorrido", esclareceu a campanha.