"Por que eu vou ter o PT como adversário?", questiona Boulos
Em sabatina do 'Estadão', candidato do PSOL à Prefeitura de SP diz que os projetos bolsonarista e tucano estão 'destruindo o País'
O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos afirmou que não se vê como adversário do PT, partido que deteve a hegemonia da esquerda por anos, e defendeu a necessidade de "construir projeto de esquerda renovado". As declarações foram dadas durante a segunda sabatina do Estadão nas eleições municipais da capital paulista, realizada nesta sexta-feira, 16.
Boulos afirmou ainda que os projetos do presidente Jair Bolsonaro e dos tucanos João Doria, governador do Estado, e Bruno Covas, atual prefeito, estão "destruindo o País". "Por que eu vou ter o PT como adversário? Eu tenho que ter como adversário quem está destruindo o país com um projeto autoritário e quem está destruindo o Estado e a cidade com um projeto elitista", disse, em referência aos oponentes políticos.
"Trabalhei muito para que a gente tivesse unidade de esquerda nessa eleição", alegou, defendendo que o grande desafio da atual disputa é derrotar o Bolsonarismo, em primeiro lugar, e o "Bolso-Doria" - a maneira como ele se refere às políticas tucanas - em segundo lugar. Boulos é atualmente o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, atrás justamente do candidato bolsonarista, Celso Russomanno (Republicanos) e do tucano Covas. Na pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão divulgada nesta quinta-feira, 15, o candidato do PSOL aparece 10% das intenções de votos enquanto Russomanno e o atual prefeito têm 25% e 22%, respectivamente.
"A nossa candidatura é aquela que se mostra capaz de evitar uma tragédia Bolso-Doria no segundo turno", defendeu, salientando o fato de que é o candidato da esquerda mais bem colocado. "Mesmo uma semana depois do início da propaganda eleitoral, onde eu tenho só 17 segundos, eu cresci 2 pontos (porcentuais). Cresci na (pesquisa) mesmo sem debate", afirmou. Sobre o fato de pontuar bem entre os eleitores com maior renda e grau de escolaridade, apesar de apresentar uma pauta direcionada às periferias, Boulos afirmou que essa é a fatia do eleitorado que já o conhece. "Ninguém pode dizer que vai votar em quem não conhece. A minha taxa de conhecimento entre as pessoas de maior escolaridade é 80%", disse.
Ainda sobre a unidade das esquerdas, o candidato do PSOL se recusou a classificar o quarto colocado nas pesquisas, Márcio França (PSB), como um candidato desse campo. "Eu não vejo o Márcio França no campo da esquerda, ele é aquela velha biruta de aeroporto", afirmou, acrescentando o oponente socialista já foi vice-governador do tucano Geraldo Alckmin e chegou a apoiar Doria na disputa pela prefeitura em 2016. "Como o (presidente Jair) Bolsonaro não quis apoiar ele aqui em São Paulo, ele ficou órfão e veio recorrer à esquerda", argumentou.
A chapa Boulos-Luiza Erundina recebeu o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da recém-criada Unidade Popular (UP), além de artistas historicamente ligados ao PT, como Caetano Veloso e Chico Buarque.