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Presidenciáveis propõem cortar IR e controlar juro

Propostas são apresentadas durante evento em Brasília com a presença de dois mil empresários; possibilidade de alteração da reforma trabalhista é criticada

5 jul 2018 - 05h03
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BRASÍLIA - Em um encontro realizado nesta quarta-feira, 4, com cerca de 2 mil empresários, em Brasília, pré-candidatos à Presidência da República nas eleições 2018 apresentaram propostas econômicas como o controle do câmbio e dos juros e a redução de impostos para as empresas. A primeira medida foi defendida pelo presidenciável do PDT, Ciro Gomes, que também prometeu usar bancos públicos do País para baratear o crédito. Ainda no evento, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), enquanto o tucano Geraldo Alckmin falou em diminuir o Imposto de Renda das companhias, Marina Silva (Rede) gerou reação negativa da plateia ao prometer rever pontos "draconianos" da reforma trabalhista. Ciro também disse que pretende mudar o texto aprovado pelo Congresso.

Ao prometer reduzir o imposto das empresas, o presidenciável tucano citou como exemplo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "Veja que nos Estados Unidos o presidente Donald Trump reduziu o imposto. Temos de estimular novos investimentos e fazer com que venham para cá", afirmou Alckmin. Após a palestra, porém, coube ao assessor econômico de Alckmin, Persio Arida, explicar que a queda de arrecadação seria compensada com a adoção de um novo imposto. Ele incidiria sobre os dividendos pagos pelas empresas a seus acionistas - uma pauta polêmica e defendida, historicamente, pela esquerda.

Presente na plateia, o industrial do ramo cerâmico Francisco Xavier de Andrade afirmou que a redução de impostos poderia ter efeito positivo sobre as contas públicas, ao estimular o aumento de empregos formais. "Com alíquota menor, a informalidade diminui, o que aumenta a arrecadação."

Câmbio. Ciro Gomes, do PDT, também escolheu para sua fala dois temas caros aos empresários - câmbio e juros. "Vou agir nos dois preços centrais que estão desindustrializando o Brasil", disse ele. Sem citar valores, defendeu um patamar para o dólar que estimule as exportações. No caso da taxa de juro, disse que pretende usar o Banco do Brasil e a Caixa para baratear o crédito, citando na sequência uma das operações mais comuns na contabilidade das empresas - o desconto de duplicata. Segundo ele, o juro nessa operação poderia cair pela metade, para 0,75% ao mês. O uso dos bancos públicos também foi um dos instrumentos adotados pela presidente cassada Dilma Rousseff para forçar as instituições privadas a cortar suas taxas.

José Luis Korman, empresário do ramo de tecnologia do Rio Grande do Sul, viu colegas aplaudindo a proposta, mas demonstrou contrariedade. "É um canto de sereia de curto prazo. A experiência já mostrou que o controle de preços é o pior cenário", disse.

O custo do crédito também foi citado por Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB, e por Marina Silva, da Rede, que prometeram adotar medidas para baratear o custo dos empréstimos, mas sem interferência de bancos públicos.

Ciro recebe vaias ao dizer que reforma trabalhista é 'selvagem'

A promessa de rever pontos da reforma trabalhista, ao contrário, gerou reação negativa dos empresários. Marina prometeu rever pontos "draconianos", enquanto Ciro disse que a mudança foi "selvagem", o que provocou vaias de alguns presentes. "Fui vaiado por uma pequena fração, mas não estou preocupado."

O deputado Jair Bolsonaro defendeu a ampliação do espaço da iniciativa privada na economia e a redução do Estado, com corte no número de ministérios. Ele voltou a dizer que pretende indicar mais militares para cargos-chave da sua administração. Mas o pré-candidato do PSL foi criticado por alguns participantes por não ter detalhado nenhuma proposta de maior interesse dos empresários, como a reforma da Previdência. / FERNANDO NAKAGAWA, FELIPE FRAZÃO, LEONENCIO NOSSA e RENAN TRUFFI

Estadão
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