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PT usa Lula na campanha de SP para conter apoio a Boulos

Nos bastidores, petistas admitem que manifestação de Celso Amorim e artistas e intelectuais a favor do PSOL pode dar margem a outras deserções

11 ago 2020 - 09h53
(atualizado às 10h11)
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O PT de São Paulo quer antecipar a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de Jilmar Tatto à Prefeitura para conter a onda de declarações de apoio de petistas à candidatura de Guilherme Boulos e Luiza Erundina, do PSOL.

O ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o Festival PT 40 anos, realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro
O ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o Festival PT 40 anos, realizado na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro
Foto: Marcos Vidal / Futura Press

Na semana passada, artistas e intelectuais ligados ao partido, como o cantor Chico Buarque de Holanda e a filósofa Marilena Chauí, assinaram um manifesto de apoio a Boulos. Nesta segunda-feira, 10, foi a vez do ex-ministro das Relações Internacionais Celso Amorim. Filiado ao PT, aderiu à candidatura do adversário.

"O Celso é uma pessoa muito querida por todos nós, mas não tem muita influência em São Paulo", minimizou o deputado estadual José Américo Dias (PT-SP), coordenador de comunicação da campanha de Tatto.

Este é o discurso oficial do partido. Em conversas privadas, no entanto, petistas admitem que este tipo de apoio, embora não tenha impacto eleitoral direto (Amorim e Chico, por exemplo, votam no Rio), pode corroer o apoio petista junto à classe média, dar margem para outras deserções e dificultar os esforços para Tatto ganhar musculatura.

Escolhido com apenas 15 votos de vantagem sobre o deputado Alexandre Padilha em um colégio de mais de 600 votantes, Tatto entrou na disputa fragilizado e sua candidatura foi questionada internamente desde o primeiro momento.

Por isso, Tatto deve ir até Lula nos próximos dias para pedir pessoalmente a entrada do ex-presidente em sua campanha. O plano inicial de Lula é se dedicar às eleições municipais apenas a partir de setembro, quando começa o calendário eleitoral oficialmente. Na semana passada, o petista não participou de um ato de lançamento do site oficial da campanha de Tatto.

O ex-presidente preferia outro nome para disputar a eleição na maior cidade do Brasil, mas não teve força para impedir a escolha de Tatto.

O candidato tem se esforçado nas últimas semanas para reunificar o partido. Levou o ex-prefeito Fernando Haddad e seus adversários na disputa interna Padilha e Américo (que apoiou o deputado Carlos Zarattini) para a coordenação de campanha.

Até o fim da semana um grupo de artistas de São Paulo deve soltar um manifesto de apoio a Tatto. O grupo, até agora, não tem nomes de peso. Os mais conhecidos são os atores Sérgio Mamberti e Celso Frateschi. Uma plenária virtual será realizada no dia 31 para o lançamento do plano de governo de Tatto para a área da Cultura. São esperadas 300 pessoas, na maioria gestores culturais ou representantes de classe.

Em um esforço para tentar ampliar seu eleitorado, o candidato deve participar de outras plenárias com trabalhadores das áreas de educação e saúde até o início de setembro.

"Já houve uma recomposição interna no PT. Não existe mais resistência interna e está todo mundo na campanha", disse José Américo.

Estadão
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