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Quase 80% das candidatas negras em 2020 já sofreram violência virtual

Pesquisa do Instituto Marielle Franco consultou mulheres de 16 partidos em todo o Brasil

5 nov 2020 - 22h41
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Quase oito a cada dez mulheres negras que são candidatas a prefeita ou vereadora nas eleições deste ano já sofreram algum tipo de violência virtual durante a campanha. A estatística é do Instituto Marielle Franco, que consultou candidatas de 16 partidos em todo o Brasil. O número de mulheres ouvidas ainda não foi divulgado.

A primeira versão da pesquisa, que vai ser divulgada nesta sexta-feira, 6, e foi feita com apoio da Terra de Direitos e Justiça Global, indica que 78% das candidatas negras relataram ter sofrido ofensas que variam desde xingamentos racistas em suas páginas na internet a ataques sincronizados durante transmissões ao vivo. Os autores desses ataques são candidatos ou grupos militantes de partidos políticos adversários (30%), grupos antifeministas, racistas e neonazistas (15%) ou grupos não identificados (45%). Os 10% restantes são pulverizados entre outros perfis.

Das candidatas negras atacadas, só 32,6% denunciaram os casos
Das candidatas negras atacadas, só 32,6% denunciaram os casos
Foto: Fabio Pozzebom / Agência Brasil / Estadão

Das mulheres atacadas, só 32,6% denunciaram os casos. Outras 29% não quiseram denunciar, e 17% afirmaram ter medo ou não se sentirem seguras para denunciar a violência que sofreram. Embora a pesquisa seja anônima, 8% das candidatas, afirmaram não se sentir à vontade paras responder as questões sobre denúncias.

Entre a parcela de candidatas negras que denunciaram os ataques, 31% afirmaram ter denunciado em plataformas digitais ou em suas próprias redes sociais, 29% afirmaram ter denunciado ao seu partido político e 29% afirmaram ter registrado boletim de ocorrência em delegacia comum especializada em crimes de informática.

Segundo a pesquisa, 70% das candidatas que sofreram ataques e fizeram a denúncia afirmaram que a atitude de encaminhar o caso às autoridades não representou mais segurança para o exercício de sua atividade político-partidária. Além disso, 71% delas relataram não terem recebido nenhuma formação ou apoio quanto a medidas de proteção que pudessem ajudar a superar as situações de violência a que foram submetidas. Entre as mulheres que afirmaram ter recebido apoio (29% daquelas que sofreram ataques), em 39% dos casos o apoio foi de movimentos sociais, em especial movimentos de mulheres negras e de negros em geral.

"A pesquisa realizada pelo Instituto Marielle Franco tenta retratar o impacto que a violência política tem sobre os corpos de mulheres negras candidatas nas eleições de 2020. É importante ressaltar que, historicamente, as mulheres negras que se colocam à disposição para concorrer ao pleito institucional têm sido recebidas por violências e opressões estruturais de raça, gênero e classe. Esperamos que esta pesquisa ajude a divulgar esse cenário no país e impulsione as autoridades públicas a pensar em medidas efetivas e imediatas de combate à violência que afeta mulheres negras das mais diferentes formas", disse Anielle Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco.

Estadão
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