Redes sociais propiciam polarização e aumento de violência politica, avalia especialista: 'Parece reality show'
No Terra Agora desta quinta-feira, 26, Maria De'Carli, Mestre em Ciências Políticas, falou sobre o aumento de casos de agressões eleitorais
O Brasil já registrou, em 2024, mais de 450 casos de violência política, incluindo agressões físicas, psicológicas e até simbólicas -- destes, 94 casos foram de violência física, que resultaram em 15 mortes, segundo dados da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). No Terra Agora desta quinta-feira, 26, Maria De'Carli, Mestre em Ciências Políticas, avaliou o aumento de casos de violência eleitoral.
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Com o crescimento substancial de casos de violência política em comparação às eleições federais de 2022 e municipais de 2020, a especialista destacou o contexto atual como uma das causas para o aumento dos casos de agressão.
"A gente vive em uma extrema polarização em que a intolerância só tende a crescer. A disseminação das redes sociais permitiu que mais pessoas tivessem voz e isso criou o que eu chamo de 'eleitor digital'. Ele dá sua opinião, tem sua bolha e dá sua confirmação política. Quem pensa diferente 'se deu mal'", destacou De'Carli.
Ainda sobre o contexto das eleições de 2024, a especialista ressalta que os candidatos se adaptaram ao 'eleitor digital' e que a violência política sempre existiu, mas o pleito passou a ser mais inflamado: "Para que a gente está assistindo mais a um reality show do que a uma campanha".
De'Carli acredita, ainda, na atuação da sociedade como um todo, em especial dos Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, na criação de Lei para prevenir a disseminação da violência política, citando as recentes agressões em debates do 1º turno à Prefeitura de São Paulo.
"A Lei da Ficha Limpa, por exemplo, não prevê a cassação em caso de violência política. A gente viu um candidato, que não teve a candidatura cassada, jogando uma cadeira em outro, em um ato extremamente violento de um ponto de vista técnico. Qual a punição que ele sofreu? Nenhuma", ressaltou a especialista.
Por fim, De'Carli considera que há muito a ser feito no combate à violência política. "Não temos essa questão bem definida, estamos nos primórdios. Vamos ter que nos adaptar para punir quem cometeu a violência", finalizou.
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