Candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro fazem debate tenso
Os candidatos à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), fizeram na noite desta sexta-feira (28) o último debate na televisão antes da eleição de domingo (30). Eles debateram nos estúdios da Rede Globo, durante uma hora, a partir das 22h30, alternando momentos tensos, acusações e perguntas irônicas.
No primeiro bloco, a abertura coube a Freixo, que perguntou sobre a violência contra as mulheres e questionou o conceito que Crivella tem delas. O candidato do PRB citou como exemplo seu próprio casamento, como uma relação bem-sucedida, e destacou a falta de vagas em creches na cidade, como ação necessária para beneficiar as mulheres. Na réplica, Freixo disse que o adversário tratava as mulheres como submissas aos homens.
Em seguida, Crivella perguntou como as obras podem deixar de ser superfaturadas e evitar que desabem, em alusão à ciclovia Tim Maia, que caiu deixando duas pessoas mortas. Freixo citou que uma das causas era porque 60% dos contratos da prefeitura são feitos com dispensa de licitação, para agradar aliados e empresários, o que não garantia qualidade.
Freixo perguntou sobre as relações de Crivella com a Igreja Universal, comandada pelo seu tio, o bispo Edir Macedo, e qual o projeto político da entidade. Crivella disse que a Universal não tem qualquer projeto político, o que foi rebatido por Freixo, que disse que quase todos os membros do PRB são bispos da Universal.
Clínicas da Família
No segundo bloco, perguntado sobre as Clínicas de Família, criadas no atual governo municipal, geridas por organizações sociais privadas, Freixo disse que vai manter as clínicas e que vai investir em policlínicas. Crivella disse que as clínicas devem ser melhor geridas e disse que vai aumentar os recursos da saúde, criando um terceiro turno de trabalho nas unidades.
Freixo questionou qual a proposta de Crivella para adotar uma política cultural nas favelas. O candidato do PRB disse que vai incentivar os pequenos negócios nas comunidades, incluindo aí o setor cultural. Freixo rebateu e disse que a pergunta era essencialmente sobre cultura e não geração de empregos e destacou que era necessário desburocratizar o acesso às verbas para os editais culturais e revitalizar os pontos de cultura.
Crivella perguntou sobre transporte coletivo e abordou o sistema de BRTs, ônibus articulados que circulam em corredores expressos, que estaria excessivamente lotado. Freixo ressaltou que o desconforto era fruto da opção pelo sistema rodoviário e que era necessário retirar o poder dos empresários de ônibus, perguntando se Crivella faria isso. O candidato do PRB respondeu dizendo que iria obrigar os empresários a instalarem ar-condicionado nos ônibus e sustentou que, em seu eventual governo, não haveria favorecimento às empresas de ônibus.
Freixo perguntou sobre o combate à corrupção e Crivella respondeu que tinha dever de combater esse tipo de crime, agindo no aumento da fiscalização. Na réplica, Freixo disse que Crivella era citado na Operação Lava Jato e que teria de se explicar sobre o assunto. Crivella negou que tenha sido citado e que a notícia era apenas uma suposição.
Viúva de Amarildo
Na abertura do terceiro bloco, Freixo afirmou que um grupo da campanha de Crivella entrou na casa da viúva do pedreiro Amarildo, Elisabete Gomes da Silva, querendo que ela dissesse que deixou de receber parte do dinheiro que seria destinado a ela, recolhido em campanhas. Crivella negou e divergiu da pergunta, falando sobre funcionários públicos. Freixo disse que ele não deveria fazer brincadeiras com a viúva, que teria problemas sérios de saúde e disse que Crivella não respeitou as famílias de outras pessoas mortas, que estariam lhe processando.
Freixo lembrou o episódio em que Crivella foi preso, em 1990, quando entrou com um grupo armado na casa de uma família que ocupava um terreno da Igreja Universal, fato retratado na capa da edição passada da Revista Veja.
O candidato do PSOL perguntou sobre duas contas que Crivella teria em paraísos fiscais e o candidato do PRB negou que tivesse as contas, o que foi rebatido por Freixo, que prometeu publicar na internet provas de que de fato existem as contas no exterior.
Em suas considerações finais, Crivella convidou os eleitores para uma carreata e negou ter faltado a debates, alegando que estava trabalhando no Senado. Ele pediu para que os eleitores votassem no candidato com mais calma e maturidade.
Freixo agradeceu aos militantes de sua campanha e ressaltou que todos foram voluntários, sem pagamento de dinheiro. Ele se dirigiu ao público que pretende votar em branco ou nulo para que refletisse e votasse nele. Ao final, apesar do clima beligerante do debate, ambos os candidatos se cumprimentaram rapidamente.