Mesmo atrás, Crivella diz estar “felicíssimo” com pesquisa
O candidato ao governo do Rio pelo PRB, Marcelo Crivella, desdenhou do resultado da pesquisa Datafolha, divulgado nesta quinta-feira, em que aparece 12 pontos percentuais atrás do governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB. Em um evento de campanha na região do Saara, centro de comércio informal do Rio, ele disse estar “felicíssimo” com o resultado.
“Tô felicíssimo, vibrando! O Datafolha sempre erra. A minha preocupação seria se ele tivesse colocado a gente na frente. Isso é sinal de que eu estou disparado (em primeiro)”, ironizou. No levantamento, Pezão tem 56% dos votos válidos, contra 44% de Crivella. No primeiro turno, os levantamentos da maioria dos institutos de pesquisa davam como certa a ida do candidato Anthony Garotinho (PR) ao segundo turno.
Cercado por populares que pediam para fazer selfies e gritavam frases de efeito contra o candidato Pezão, Crivella fez questão de pedir votos para a presidente Dilma Rousseff (PT) durante todo o trajeto. Em discurso, contou uma longa história aos presentes, falando do passado da presidente no combate à ditadura e até do tratamento a que ela se submeteu contra um câncer. Ao final, pediu voto para a petista, que, no Rio, se mantém neutra no segundo turno, já que também apoia a candidatura de Pezão.
Tentando situar os populares, Crivella acabou se confundindo com os fatos históricos. Contou que Dilma havia ficado três anos presa em Juiz de Fora (MG), quando na verdade, a presidente ficou detida em São Paulo. O candidato, que tem como vice um militar do Exército, general Abreu, evitou criticar as Forças Armadas e também os que lutaram contra a ditadura militar. “Nem todo militar era um torturador, mas tinha militar torturador. Nem todo esquerdista era subversivo, apesar de haver esquerdista subversivo na época”, ponderou.
‘Soldado em 7 de setembro’
No corpo a corpo, as provocações ao rival do PMDB foram recorrentes. Em certo momento de sua fala, Crivella comparou Pezão ao lobo mau. “O eleitor fica igual um Chapeuzinho Vermelho, levando o voto pra vovó e dizendo: mas, vovó, que boca grande, que mão grande, que pé grande! E a vovó dizia: são seus olhos, eleitor”.
Incitado pelos presentes, o concorrente ainda soltou a frase que marcou os últimos meses da gestão do então governador Sérgio Cabral (PMDB), padrinho político de Pezão: “Cadê o Amarildo?” – em referência ao pedreiro Amarildo de Souza, morador da Rocinha que desapareceu após uma abordagem policial e cujo corpo nunca foi localizado. “Quem vai responder essa pergunta são as urnas no dia 26, dizendo 'fora, Cabral, fora Pezão'”, provocou.
Crivella pediu aos eleitores que, no dia da votação, vão “marchando” até as urnas “como se fossem um soldado na parada de 7 de setembro”. “Na hora que você receber seu certificado, vai pra urna. Na solidão da urna você vai dar uma sentença pela vontade soberana do povo, vai marcar 13 Dilma e 10 Crivella”, pregou.
O candidato, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, desmentiu o boato de que não queira participar do debate deste domingo, na TV Record. “Mas é claro que vou no debate. E ainda na Record, onde fiz oração durante anos”, afirmou, reforçando a proximidade com a emissora. “Você vê: ora o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) diz que a Record está ajudando o Crivella. Do outro lado, dizem que o Crivella não quer ir na Record. É tudo coisa da oposição, o PMDB está desesperado”, afirmou, atribuindo a informação à campanha de Pezão, a quem classificou de “rei da botaria, da calúnia e da injúria”.