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RJ: Pezão requenta denúncias a Crivella em debate de rádio

Governador do Rio chamou oponente de ‘testa de ferro’ do bispo da Universal, Edir Macedo

14 out 2014 - 15h10
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<p>O candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB)</p>
O candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB)
Foto: Divulgação

Em debate na rádio CBN, na manhã desta terça-feira, o governador do Rio e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB) apresentou duas acusações contra seu adversário, Marcelo Crivella (PRB). Se antes ele apenas deixava claros os vínculos de Crivella com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do bispo Edir Macedo, o tom desta vez foi em cima de processos na Justiça. O peemedebista chegou a chamar Crivella de "testa de ferro" de Macedo e ainda citou as investigações, iniciadas em 1999, sobre a existência de duas empresas no nome de Crivella com sede no paraíso fiscal das ilhas Cayman.

Segundo denúncias da época, as empresas Cableinvest e Investholding seriam usadas para um esquema irregular de envio de dinheiro para o Brasil para a conta de bispos da Universal e por meio de laranjas. O senador, que é bispo licenciado da IURD, disse que o processo no Ministério Público sobre esse caso já havia sido arquivado e que havia sido alvo de denúncias injustas e de injúria. O caso durou anos, mas foi arquivado em 2006 por falta de provas.

Em outro trecho do confronto, Pezão apresentou outra denúncia, trazendo à tona acusações de possíveis irregularidades na compra de uma emissora de TV, com sede em Franca, interior de São Paulo, nos anos 1980. Segundo as investigações da época, os recursos para a compra teriam saído de empréstimos da Igreja Universal. “Com salário de diretor da EMOP (Empresa municipal de obras públicas), você comprou uma TV”, provocou o governador.

Crivella alegou que a denúncia era muito antiga, de 86, e que não foi provada qualquer irregularidade. Ele ainda afirmou que o valor de compra da TV à época foi “baixíssimo”. E, como tem feito sempre, voltou a citar o ex-governador e padrinho político de Pezão, Sérgio Cabral, como responsável por aquelas acusações: “Isso é coisa do Cabral, que fica tentando influenciar você a tentar ganhar as eleições com injúrias”.

Pezão, então, leu um trecho do processo aberto para apurar o caso, que cita o bispo Edir Macedo, tio de Crivella: “Quem afirma é a Justiça Federal. aqui, abre aspas: ‘os empréstimos da Igreja Universal para Crivella e Macedo tanto podem significar que a Universal usou testa de ferro para adquirir concessões de TV como também para mostrar que os próprios réus controlam, de forma absoluta, a Universal e dela se utilizam em benefício próprio”, afirmou Pezão, depois de, ele próprio, dizer que o eleitor fluminense tinha o direito de saber que ele “é testa de ferro do bispo Macedo”.

Saída estratégica

O clima do debate foi de tensão em vários momentos. Com as denúncias apresentadas por Pezão, mesmo que requentadas, Crivella, que se mostrou à vontade no início do programa na CBN, teve que gastar boa parte do seu tempo para tentar explicar as denúncias. Sua postura acabou se tornando mais grave ao longo do programa. Várias vezes disse que foi alvo de injúria e chegou a insinuar que Pezão poderá ter que responder pelos ataques na Justiça. Não houve espaço para cordialidade nem brincadeiras, que vinham sendo a marca de Crivella até este ponto da disputa.

Ao final do debate, ao invés de cumprir a praxe de falar com os jornalistas no local onde acontece o confronto, retirou-se às pressas dos estúdios da CBN. Já na calçada da Rádio falou com parte da imprensa, mas tentou se esquivar dos temas espinhosos. “Ele (Pezão) está tentando trazer coisas de 20 anos atrás, que já foram superadas. O Cabral está por trás dele e não quer que perca de jeito nenhum, é muito dinheiro.... Eles têm medo da justiça, porque vão responder a muitos processos depois que acabar esse governo”.

Segundo Crivella, os processos de que foi alvo não prosperaram e foram motivados por acusações injuriosas. Questionado sobre a acusação de ser testa de ferro de Edir Macedo, respondeu com outra acusação, contra Sérgio Cabral, que teve sua imagem desgastada após a descoberta de que usava o helicóptero do governo para se deslocar entre pequenas distâncias e para viagens de final de semana. Em algumas o cachorro da família também chegou a ser embarcado.

“O Edir Macedo nunca andou de helicóptero, nunca mandou o cachorrinho para Mangaratiba, não está envolvido em escândalos. Nunca teve ação na vida pública...”, ironizou. Segundo o candidato, caso eleito, Edir Macedo teria influência “zero” no seu governo.

Mesmo tentando se desvincular da imagem da Universal, ao final da entrevista, Crivella disse que, pela quantidade de vezes que Pezão cita a igreja, vai acabar sendo processado por esta. “Eu acho que ele vai ter que responder à Igreja, que vai ter direito de processá-lo. Ele não para de falar nela”.

Fonte: Especial para Terra
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