Sem mandato, Garotinho tem futuro indefinido na política
Candidato do PR negocia com Marcelo Crivella (PRB) um possível acordo para conseguir entrar no governo de alguma forma
ssim como as parcas palavras que divulgou via assessoria de imprensa, pouco pode se dizer do que será o futuro de Anthony Garotinho (PR), após a surpreendente derrota para Marcelo Crivella (PRB), que o tirou da disputa do segundo turno na tentativa de voltar a ser governador do Rio de Janeiro. “O povo é soberano e escolheu. Respeito a escolha do povo”, disse em nota.
A diferença de apenas 42.608 votos para o senador foi a síntese cruel de uma trajetória de queda livre para quem liderava as pesquisas de opinião antes da campanha eleitoral para valer. Sem o Palácio Guanabara, e sem o mandato de deputado federal, Garotinho viverá sob a sombra agora das “mulheres da sua vida”: Clarissa Garotinho foi a segunda deputada federal mais votada do Rio de Janeiro, e sua mãe, Rosinha, segue como prefeita de Campos, no norte do Estado.
Reduto, aliás, que já não está mais tão nas mãos de quem antes gozava de enorme prestígio e vantagem nas urnas. A vitória de Garotinho em Campos ocorreu, mas a diferença para Luiz Fernando Pezão foi de apenas nove pontos percentuais dos votos válidos (39% contra 30%).
O PR, partido que controla, tem no Rio de Janeiro a sua maior bancada em Brasília, mas nem por isso Garotinho deixa de transparecer a mensagem de que o seu discurso populista cansou. Suas bandeiras do “Cheque Cidadão” e dos restaurantes populares a R$ 1 o prato não convencem mais o eleitorado.
A chance agora é um pacto com Marcelo Crivella. O senador já sinalizou que pretende, sim, fazer uma aliança com Garotinho, e que precisa desse apoio para vencer Pezão num segundo turno que promete ser acirrado.
Como será esse acordo, com a possível negociação de secretarias, o futuro irá definir. Se Crivella, na coletiva de imprensa após avançar na disputa, deixou claro que “um acordo não quer dizer necessariamente que ele vai compor o governo”, para Garotinho é a esperança que resta.
Uma vez que para um cargo majoritário como a Prefeitura do Rio de Janeiro, daqui a dois anos, por exemplo, ele sabe que conta com uma enorme rejeição – tanto é que perdeu na capital até para Tarcísio Motta (Psol), além do próprio Pezão. Campos não seria o melhor dos horizontes, já que com Rosinha por lá, está “tudo em casa”. Sem um futuro definido, deve ser por essa razão a falta de declarações e o fato de a persiana da janela do apartamento de Garotinho, em Campos, ter ficado abaixada por todo o domingo.