TRE investiga desvio de verba pública em campanha de Pezão
A fiscalização do TRE fechou nesta sexta-feira a gráfica High Level Signs, no bairro do Meier, que produzia panfletos da coligação do candidato ao governo do Estado Luiz Fernando Pezão (PMDB, PP, PSC e PTB). A gráfica também produzia material em grande volume para Pedro Paulo (PMDB), candidato a deputado federal e ex-chefe de gabinete do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PMDB). O Tribunal suspeita de um grande esquema de desvio de dinheiro público para elaboração da propaganda.
A empresa produzia material gráfico de outros candidatos ligados ao prefeito, como o próprio Rodrigo Bethlem (acusado pela ex-mulher de levar propina de ONGs quando secretário da prefeitura), Sávio Neves (que foi chefe do Centro de Operações Rio), de Leonardo Picciani (filho do presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani), de Carlos Roberto Osório (ex-secretário de transportes da prefeitura) e do próprio Pezão, além de André Lazaroni (ex-secretário de Estado de Esportes), e dos candidatos a deputado estadual Serginho da Pastelaria (do PTdoB) e Lucinha (PSDB). Na gráfica, foram apreendidos farto material de campanha, além de 28 mil reais em dinheiro, oito computadores e documentos.
O golpe
Os fiscais encontram também, no local, pelo menos 11 boletos bancários de pagamentos da Secretaria de Estado da Casa Civil, com valor de R$ 340 mil, tendo a empresa como beneficiária. A desconfiança veio depois que Lucinha e Pedro Paulo instalaram cartazes na zona oeste da cidade com baixa tiragem (o número de exemplares produzidos precisa estar impresso no cartaz). A juíza responsável pela fiscalização, Daniela Barbosa Assumpção de Souza, mandou investigar o endereço da gráfica e constatou que no local indicado funcionava um salão de beleza.
A High Level Signs funcionava poucos metros adiante e no local foram encontradas placas semelhantes às espalhadas pelos candidatos. Os fiscais do TRE se fizeram passar por candidatos interessados em produzir material e perguntaram se poderiam imprimir na placa um número menor que a tiragem real, o que foi aceito pela gráfica. "Claro que fazemos, essa é uma prática muito comum", respondeu a recepcionista, que passou a dizer cada um dos candidatos que usavam a prática, sem saber que estava sendo gravada.
Pela lei, o CNPJ da gráfica e do candidato devem constar na publicidade, mas em diversas placas constavam o CNPJ da empresa de fachada. A fiscalização apreendeu ordens de serviço com tiragem de placas, banners e panfletos menor do que a realmente entregue. Um email de um dos clientes, cujo nome não foi revelado, fala em uma propina de 10% sobre o valor pago e repassa 6,5% do valor. Nas placar e banners retidos, há pelo menos três CNPJs diferentes, embora tenham sido produzidos pela mesma empresa. O TRE vai encaminhar o material apreendido para o Ministério Público Eleitoral e Ministério Público Estadual, e os candidatos podem ser processados.
O Terra entrou em contato com a assessoria da prefeitura que disse que vai soltar uma nota oficial sobre o caso. As assessorias dos partidos foram contactadas mas não deram retorno na noite de sábado.