Indignados com Sartori, professores planejam ato na Tumelero
A declaração do candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo PMDB, José Ivo Sartori, sobre o pagamento do piso salarial dos professores em entrevista concedida ao Terra, na segunda-feira, repercutiu durante todo o dia de ontem ficando nos trending topics do Twitter. A fala do peemedebista causou revolta entre os professores que cogitam manifestações em frente à loja de material de construção Tumelero (citada na fala do político), além da presidente do Centro de Professores do Estado (Cpers-Sindicato), Helenir Oliveira, se dizer “extremamente irritada”. “Se ele trata assim em tempos de eleição quando precisa de votos, imagina como vai ser quando for eleito”.
Durante a entrevista, Sartori foi indagado sobre as críticas que vem sofrendo de seu adversário sobre a falta de propostas, ao que respondeu: “propostas, sim. Promessas, não. Até porque temos o exemplo do governo que está ai. Prometeu muito e não cumpriu (...) Eu fui lá no Cpers e não assinei o documento exigindo um compromisso de pagar ou resgatar o salário... o piso. O piso, vou lá no Tumelero e te dou um melhor, lá tem piso bom... Quem criou o piso salarial, prometeu que ia fazer e não fez... Agora vai chegar no final do ano, o piso salarial dos professores do Rio Grande do Sul vai ser um passivo de R$ 10 bilhões”.
Pouco depois, a campanha do PT publicou apenas este trecho da entrevista, gerando muita polêmica nas redes sociais. Em seguida o peemedebista reagiu dizendo que a fala foi tirada do contexto e divulgou nota pedindo “desculpas por qualquer mal-estar causado, reforçando o respeito que tem pelos professores, lembrando que quem não respeita o magistério é o candidato Tarso, do PT”.
“O piso para nós educadores é uma luta de muito tempo, e o que nos deixou surpresos e indignados foi a leviandade. Se era uma brincadeira ou não, acho que as pessoas têm que saber sobre o que se brinca. Isso teve um repercussão negativa dentro da nossa categoria, inclusive tem alguns colegas que estão propondo que a gente faça atos em frente à Tumelero pedindo nosso piso. Acho que ele está há muito tempo secretário, deputado ou prefeito e esqueceu o que é ser professor. E acho que nas palavras dele, no tom jocoso, retratar isso que é tão caro para nós, acho que isso mostra o distanciamento dele hoje com o professor Ivo Sartori”, afirmou a presidente do Cepers, lembrando que tanto Sartori quanto sua mulher atuaram como professores.
Todos os oito candidatos que disputaram o governo gaúcho no primeiro turno tiveram encontros com o Cpers, onde foram apresentadas as principais reivindicações da categoria, entre elas, o pagamento integral do piso salarial, cujo valor hoje é alcançado com um complemento. Sartori foi o único que não assinou o documento de compromisso com o pagamento, sinalizou apenas que isso só seria possível com mudanças no plano de carreira dos professores, o que não é bem visto pela categoria.
“Ele colocou que isso passava por uma revisão do nosso plano de carreira, que é uma luta histórica que nós temos também, tivemos governadores que tentaram mexer no nosso plano de carreira e a gente fez a luta e não conseguiram (...) Em todos os Estados ou municípios em que mexeu no plano de carreira para pagar o piso, foi um processo de arrocho brutal de salário. Nós já ganhamos pouco, por isso temos eu segurar com unhas e dentes aquilo que nós temos”, afirma Helenir.