No RS, Lula pede vitória como presente de aniversário
“Eu faço 69 anos na segunda-feira, dia 27 outubro. Por favor, me dêem um presente. A vitória da Dilma e do Tarso.” O pedido encerrou o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ato da campanha petista realizado no final da manhã desta quarta-feira, em Porto Alegre. Debaixo de um calor de quase 30°C e em plena hora do almoço, milhares de militantes participaram da caminhada que aconteceu entre a Praça da Alfandega e o Largo Glênio Peres, no Centro.
Em um discurso inflamado, Lula mirou diretamente no senador tucano Aécio Neves, adversário da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa presidencial. “Tem um que fala: ‘vou dar um choque de gestão’. Até parece que ele é dono de hidrelétrica, só fala nisso. E esse negócio de choque, já deram na Dilma, durante a ditadura.”
Lula também atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lembrando suas declarações sobre quem votou em Dilma. “Houve um doutor, muito famoso, sociólogo, que chegou a dizer a insanidade de que a Dilma havia ganho pelo voto dos desinformados. Como uma pessoa pode estudar tanto e ser tão desinformada? Ele não conhece este País.”
O ex-presidente voltou ainda a comparar o momento atual e o fim da era Vargas. “Eu vejo hoje a mesma histeria que a direita tinha contra o Getúlio nos anos 50.” E ironizou: “vejo até como a imprensa, tão democrática, que fala bem de mim e da Dilma o tempo inteiro, não tem partido e nem candidato.”
Referindo-se a postura dos adversários na eleição, disparou: “não é divergência política, programática, ideológica. Parece que é ódio de classe. Parece uma coisa absurda. As pessoas se incomodam porque antes só filho de rico pegava avião e ia lá ver o Mickey. Agora filho de trabalhador também pode.” O ex-presidente citou o Congresso. “O Congresso não prestava? Vocês vão ver o Congresso eleito agora. É um pouco pior. A bancada dos trabalhadores caiu pela metade.”
Em diferentes momentos, Lula fez referências diretas à disputa estadual entre o governador Tarso Genro (PT), que tenta a reeleição, e seu adversário na disputa, o peemedebista José Ivo Sartori, que aparece à frente nas pesquisas. “Quando o PT lança candidato, querem saber até a cor da nossa roupa íntima, porque, senão, dizem que não temos propostas. Quando vejo o adversário do Tarso dizendo que vai cortar, cuidado, porque vai cair em cima do pobre e do trabalhador.”
Em outra parte do discurso, o ex-presidente voltou a ironizar Sartori. “Não consigo entender essa aposta no escuro, no abstrato, esse discurso do ‘eu sou de todos, vou fazer de tudo’. Aí você pergunta: vai governar com quem? ‘Com todos’. O que você vai fazer? ‘Cortar gastos’."
Tarso, que falou antes de Lula, deixou o ato durante o discurso do ex-presidente para cumprir agenda de campanha. Após se despedir, contudo, pegou novamente o microfone. “Me perdoa, mas não posso perder essa. De dizer que a única proposta que o nosso adversário fez até agora foi para o Tumelero”, alfinetou, para delírio da militância, e em mais uma alusão a piada feita por Sartori sobre o piso do magistério na segunda-feira, durante entrevista ao Terra.
A caminhada desta quarta foi considerada como de encerramento da campanha, mas, no sábado, o PT prepara novo ato, com Dilma, que estará no Rio Grande do Sul para votar.