Cerca de 17 mil indígenas devem votar em Roraima, estima TRE
As comunidades reclamam da falta de atenção dos governos à saúde e educação
O Tribunal Regional Eleitoral de Roraima estima que 17 mil indígenas devem comparecer às urnas neste domingo (26), em todo o estado. O número representa quase 6% do eleitorado roraimense.
Um desses eleitores é Delcídio Wapixana, de 42 anos. Ele vive na comunidade Tabalascada, a cerca de 30 km da capital, Boa Vista, e vai votar em uma seção instalada na escola indígena da comunidade. Wapixana espera que a confirmação de seu voto na urna se reflita num futuro com mais saúde para seu povo.
O índio tem um filho de 6 anos que sofre de problemas cardíacos e se queixa da dificuldade para chegar ao hospital da capital, onde realiza os exames da criança. "Meu filho é especial, né? E dá trabalho. Eu tenho que cuidar dele. Ele nasceu com problema, com bolsa de água no coração. Eu vendo farinha, né? E alguma coisa lá pra poder pagar o ônibus até lá", lamenta.
A falta de atenção à saúde é uma das maiores reclamações entre os índios de Tabalascada, mas a educação, na opinião deles, também deixa a desejar. Apesar de muitas crianças estudarem ali mesmo, na comunidade, com professores indígenas, a dona de casa Rosângela da Silva Colares diz que os wapixana estão esquecidos. "[Nós queremos] melhorar a saúde pra nós e a escola, educação, né? Falta merenda, falta material escola. A nossa comunidade tá bem esquecida por eles [os políticos]".
Mãe de três filhos adolescentes, Rosângela também espera a construção de uma área de lazer para os jovens índios. "Temos nossos filhos, e é muito perto da cidade. A gente precisa de uma quadra de esporte, porque eles não saem de dentro de casa. A gente precisa demais disso, uma praça pra eles ficarem brincando", diz Rosângela.
Atualmente vivem na comunidade Tabalascada cerca de 800 indígenas, a maioria da etnia Wapixana. A fonte de renda do povo é a agricultura, principalmente a produção de farinha. Quem não tem ocupação vive com a renda de programas sociais do governo. Os valores recebidos pelas famílias vão de R$ 77 a, no máximo, R$ 252 por mês.