Índio, Telmário foi o senador mais votado da história de RR

Com camiseta, jeans e um jeito franco de responder perguntas, o vereador Telmário Mota, 56, do Partido Democrático Trabalhista em Roraima (PDT-RR), foi eleito senador com mais de 96 mil votos válidos, o equivalente a soma dos dois outros candidatos do forte grupo político que comanda o estado e que concorreram a vaga.

“Eles sempre disseram que aqui se ganha eleição com dinheiro, e as pessoas do meu Estado demonstraram que existem e não são manipuláveis por recursos. Bati muito na corrupção. Minha eleição é uma resposta contundente aos rapinadores, que fazem política mercenária levando embora nossos sonhos, nossas esperanças e o futuro da nossa gente. Nossa eleição foi um grito de liberdade!”, destacou.

Notícias relacionadas

RR: Resultado para governador só será divulgado na segunda

RR: 2° turno será decidido por Suely, do PP, e Chico, do PSB

Nascido na comunidade indígena Tejo do Gavião, com cerca de 100 habitantes, no município de Normandia, o novo senador é indígena da etnia macuxi, e durante toda a campanha fez um trabalho “corpo a corpo” indo em ônibus, taxi lotação e visitando localidades longínquas de motocicleta. “Já fui vaqueiro, vendedor de banana, garçom, vendedor de livros. Estudei, virei bancário e depois economista e me tornei o auditor mais jovem do Brasil antes de entrar na política”.

Embora estivesse confiante quanto ao resultado, Telmário admitiu ter se surpreendido com a quantidade de votos que recebeu. “Quero, nesse momento, agradecer às pessoas que acreditaram. Minha proposta é no sentido de que a gente pode, por meio desse mandato, melhorar a qualidade de vida das pessoas e lutar contra as oligarquias. Não precisei de milhões, fiz uma campanha humilde e corajosa, vencendo poderosos como o senador Romero Jucá (PMDB), que apoiou meus concorrentes”. 

Ele foi o mais votado em 13 dos 15 municípios de Roraima, e em Normandia onde nasceu, recebeu 70 por cento dos votos. Mas nem tudo eram flores. Em muitos momentos, o novo senador foi criticado quando subia em carros de som para difundir suas propostas políticas. “As pessoas me chamavam de doido, mas eu tinha que correr esse risco, pois sabia que um dia as pessoas iriam entender a mensagem que eu estava querendo passar”, disse.

Ao falar sobre a expectativa para sua atuação parlamentar, Telmário rebateu críticas de que seria “senador de um mandato só”. “Senador tem poder de fazer política que possa melhorar nosso estado. Temos que investir no setor primário. Além disso, vou fiscalizar o Executivo e os recursos que vêm para cá. Fiz isso como vereador e farei muito mais como senador”, pontuou.