Bastidor de debate tem briga, reações inusitadas e tumulto na plateia
Debate realizado pelo Terra, em parceria com 'Estadão' e Faap, foi marcado por poucas propostas, troca de ofensas e ironias
Seis candidatos à Prefeitura de São Paulo participaram na manhã desta quarta-feira, 14, de debate promovido pelo Terra e Estadão em parceria com a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). E o bastidor do evento foi bastante movimentado e marcado por alguns momentos de tensão.
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Com a plateia do teatro da Faap lotada por alunos, convidados e membros dos partidos, gritos e vaias eram comuns. Por diversas vezes, a mediadora do embate, a jornalista do Estadão Roseann Kennedy, precisou interromper a apresentação para pedir a colaboração e o silêncio dos presentes. As manifestações eram mais acaloradas, principalmente, nas falas dos candidatos José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB).
Marçal explorou o uso de ironias, ofensas e frases de efeitos para provocar a interação do público. Ele, que pouco falou de projetos --assim como boa parte dos demais candidatos--, também buscou afrontar os adversários. Ao ser chamado para o embate com Guilherme Boulos (PSOL), o candidato do PRTB foi ao canto do auditório e pegou com o assessor uma carteira de trabalho e a guardou no bolso do paletó, contrariando as regras do debate.
Marçal exibiu o documento para Boulos e simulou 'exorcizar' o deputado federal. O tempo do embate acabou, mas os dois candidatos, que estavam sentados um ao lado do outro, continuaram se provocando. O empresário se manteve aproximando a carteira de trabalho no rosto de Boulos, que acabou se estressando e tentando pegar o documento das mãos de Marçal, mas não conseguiu. A organização precisou interferir para conter os ânimos dos dois.
"Ninguém tem sangue de barata", disse Boulos, que afirmou ao final do debate ser necessário mostrar indignação com quem tenta "tumultuar". Segundo ele, o Brasil 'pagou um preço' por ter naturalizado o 'absurdo', ao se referir ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu que o mesmo erro não pode ser repetido com Marçal.
Já o candidato do PRTB minimizou a discussão e disse que 'nunca vai começar um ataque, mas vai terminar todos'. Ele classificou o debate como um 'embate'. "Estamos lidando com gente comunista, não com gente nobre. Vamos tirar esse tipo de político, vagabundo. Cada um tem seu tom, assim como cada um tem sua cor de pele."
Manifestações fora do microfone
Mas essa não foi a única manifestação dos candidatos fora dos microfones. Em seu primeiro debate, a candidata Marina Helena (Novo) foi flagrada revirando os olhos enquanto o candidato Guilherme Boulos (PSOL) se manifestava. Já Pablo Marçal optou por virar a cadeira para não assistir ao embate entre Tabata Amaral (PSB) e Boulos.
Tabata Amaral também aproveitou para alfinetar Marçal, que se recusou a deixar o palco após o término de seu tempo. Em alto e bom som, a candidata do PSB cobrou "inteligência emocional" do empresário, expressão bastante utilizada pelo próprio em sua campanha.
Também houve conflitos na plateia. A reportagem do Terra presenciou a equipe de Tabata Amaral e de Pablo Marçal disputando um espaço na frente do palco para capturar vídeos e fotos dos respectivos candidatos. Já o marketeiro do candidato José Luiz Datena, Felipe Soutello, chegou até a ameaçar tirar o candidato do palco.
"Num debate em plateia é muito difícil controlar as pessoas. Mas não atrapalha, só acho que cada um sabe o limite de civilidade que deve ter em uma democracia", afirmou Felipe Soutello, marqueteiro da campanha de Datena.
Logo após o encerramento do evento, Marçal foi tietado por alunos da Faap. Os jovens já circulavam pelo evento e aproveitaram a deixa para tentar um registro com o candidato, que foi tratado como 'popstar'. Mas, antes de deixar o teatro, o candidato do PRTB e o assessor Filipe Sabará foram flagrados discutindo com uma funcionária da Faap, que monitorava a entrada para a área dos camarins.
"Não toca em mim", dizia a jovem, que após o incidente conversou com o Terra e relatou ter sido empurrada por Sabará.
A campanha de Marçal negou a agressão. "Ninguém encostou nela", disse Sabará. "Uma pessoa que estava defendendo o Boulos o debate todo, resolveu implicar com a gente na saída. A gente pediu calma para ela e ela aparentemente se acalmou. Não entendemos o pq ela estava alterada", explicou.