Boulos desafia Nunes a abrir sigilo bancário, e prefeito rebate: 'Beira o ridículo'
Emedebista acusou Boulos de "não gostar de trabalhar", e o candidato do PSOL propôs que adversário prove "estar limpo"
Guilherme Boulos (PSOL) lançou um desafio a Ricardo Nunes (MDB) durante o início do primeiro debate do segundo turno da eleição pela Prefeitura de São Paulo, promovido pela Band, na noite desta segunda-feira, 14. O psolista disse que abriria seu sigilo bancário, alegando ter sua "vida financeira limpa" e questionou se o atual prefeito também teria coragem de fazer isso.
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Boulos pressionou Nunes a comentar sobre seu suposto envolvimento na "Máfia das Creches", ao se referir ao inquérito da Polícia Federal que apura um suposto desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças de zero a três anos na cidade de São Paulo.
Em julho, a PF indiciou 117 pessoas por suspeitas de participação no esquema. Nunes não está entre os indiciados, mas foi alvo de um pedido da PF à Justiça para a abertura de um inquérito específico. O órgão quer investigar a relação do atual prefeito, na época em que era vereador da cidade, com duas empresas envolvidas no esquema --Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli e a Organização Social Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria).
Nunes negou, como fez ao longo dos 11 debates do primeiro turno, e alegou que todo serviço que fez ao longo de sua trajetória como empresário e político foi correto.
"Minha vida é limpa", disse Nunes, apontando Boulos como uma pessoa "sem moral" para acusá-lo. "É que você não sabe muito bem o que é trabalhar", provocou o atual prefeito, que arrancou palmas da plateia. O discurso do emedebista segue a linha do ex-candidato Pablo Marçal (PRTB), que também travou embates com Boulos --que é professor universitário--, insinuando que ele nunca trabalhou.
Após a cutucada, Boulos frisou ser um professor e deputado federal com uma vida financeira limpa. E lançou o desafio: "Já que você tá falando e colocou questões de trabalho, e tá dizendo que com você tá tudo certo… Eu abro agora o sigilo bancário da minha conta. Você abre o seu? Te desafio. Você abre pra sociedade de São Paulo saber se você de fato é limpo como tá dizendo que é?".
Após essa fala, restaram 14 segundos de fala para Boulos. Nunes tinha apenas 7 segundos e disparou: "Olha, chega a beirar o ridículo. Ele está desesperado. 58% de rejeição. Não vai ganhar nada. Vai perder mais uma", disse o prefeito ao citar os dados do Datafolha, divulgado na última quinta-feira, 10.
Segundo o levantamento, 58% dos eleitores dizem que não votariam "de jeito nenhum" em Boulos. A rejeição do atual prefeito é de 37%.
"Acabou o tempo dele, essa é a resposta. Ele infelizmente não respondeu. Vamos ver se no bloco seguinte ele responde. Se ele abre o sigilo", retomou Boulos. Nesse momento, Nunes derrubou o papel de seu púlpito e Boulos brincou: "Cuidado, fica calmo, fica tranquilo".
Os dois foram aplaudidos pela plateia após suas colocações, que encerraram o primeiro bloco da transmissão.
Qual o patrimônio dos candidatos?
Ricardo Luis Reis Nunes, que concorre à reeleição com apoio da coligação ‘Caminho Seguro pra São Paulo’ (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Pode, Avante, PRD, Agir, Mobiliza, União), declarou R$ 4.843.350,91 à Justiça Eleitoral.
A maior parte de seu dinheiro está envolvida em investimentos diversos, que representam R$ 3,1 milhões. Além disso, ele conta com R$ 694,7 mil em terrenos, R$ 862 mil em imóveis e R$ 175,6 em um trator agrícola.
Ricardo Nunes está na política desde 2012, quando foi eleito vereador de São Paulo. Na época, ele declarou R$ 4.248.354,47. Depois:
- Em 2014, tentou ser deputado federal, mas não conseguiu (e declarou R$ R$ 4.249.681,27);
- Em 2016, foi vereador novamente (e declarou R$ R$ 4.505.337,23);
- Em 2018 foi deputado federal suplente (e declarou R$ 4.546.184,43);
- E, por fim, foi eleito vice-prefeito – e depois assumiu a prefeitura – em 2020 (e declarou R$ 4.836.716,54, seu maior patrimônio ao longo dos últimos anos).
Já Guilherme Castro Boulos é representado pela coligação federal Amor por São Paulo, constituída pelo ‘Sol Rede’ (PSOL e Rede) e pela federação ‘Brasil da Esperança’ (PT, PC do B, PV e PDT). Na tentativa de conquistar o cargo de chefe do Executivo de São Paulo, declarou R$ 199.596,87.
Os bens são de um carro, um Celta 2009/2010 (R$ 15.146), 50% dos direitos de uma casa e seu respectivo terreno (R$ 171.758) e de aplicações e depósitos bancários (somando R$ 12.692,87).
Em 2022, quando foi eleito deputado federal por São Paulo, declarou R$ 21 mil. Já em 2020, quando tentou ser prefeito da cidade pela primeira vez, contabilizava R$ 15.995 em bens. O valor é similar a quando concorreu à Presidência do Brasil em 2018, quando declarou R$ 15.416.