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Boulos questiona na Justiça declaração sem provas de Tarcísio

Em entrevista coletiva ao lado de Ricardo Nunes, governador falou em indicação de voto feita por facção criminosa

27 out 2024 - 15h43
(atualizado às 16h46)
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Guilherme Boulos e Tarcísio de Freitas
Guilherme Boulos e Tarcísio de Freitas
Foto: Agência Estado | Reprodução

Sem apresentar provas, Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador do Estado de São Paulo, declarou neste domingo, 27, que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) orientaram familiares a votar em Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições municipais de São Paulo. O psolista negou a acusação e ingressou com uma ação de investigação na Justiça Eleitoral por abuso de poder político na fala de Tarcísio.

A declaração do governador foi concedida em entrevista à imprensa no Colégio Miguel Cervantes, na zona sul de São Paulo, seu local de votação. À ocasião, ele estava ao lado de Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito da cidade e candidato à reeleição.

Pouco após a declaração, Guilherme Boulos reagiu. Ele lamentou o ataque em pleno dia de votação e aproveitou a oportunidade para falar sobre a investigação envolvendo a facção e o atual governo municipal.

"Que vergonha, né? Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia [Ricardo Nunes] que botou o PCC na Prefeitura de SP", disse Boulos, fazendo referência às investigações sobre atuação da facção no sistema de ônibus municipais.

"Imaginei que, ao menos hoje, fosse ser um dia mais tranquilo, mas eu recebi a notícia agora há pouco de algo que é assim inacreditável. O governador de São Paulo, Tarcísio, deu uma declaração extremamente grave sem nenhum tipo de prova dizendo que o PCC teria determinado voto em mim. Gente, olha o nível", complementou ele, em vídeo compartilhado nas redes.

Antes da declaração de Guilherme Boulos em vídeo, a campanha do candidato à prefeitura de São Paulo enviou uma nota ao Terra, chamando a declaração de Tarcísio de 'grave', 'fake news' e atitude criminosa'. A mensagem ainda alerta que o candidato do PSOL pretende responsabilizar o governador juridicamente.

"Tarcísio é cabo eleitoral de Nunes, faz tal declaração ao lado do prefeito em claro gesto de campanha. Usa a máquina pública de maneira vergonhosa e irresponsável. Isso fere todos os preceitos democráticos. O governador Tarcísio responderá na Justiça por sua atitude criminosa".

Depois, Boulos ainda chamou a imprensa para uma coletiva em sua casa, por volta das 15h. O psolista disse que preferiu interromper o descanso em família para desmentir a fala do aliado ao seu opositor.

Repercussão

Autoridades do PT, como Kiko Celeguim, presidente do Diretório Estadual, e Laércio Ribeiro, presidente do Diretório Municipal, também criticaram a posição do atual governador. No título de um informe, eles deram o tom da mensagem: 'Tarcísio deveria ser preso por crime eleitoral'.

"O governador Tarcísio, em uma tentativa desesperada de encobrir os vínculos evidentes de Ricardo Nunes com o PCC, cometeu abuso de poder ao afirmar que a organização criminosa apoia o candidato da oposição. Os fatos mostram o contrário: é Ricardo Nunes quem tem relações com o PCC, tanto nas nomeações que fez quanto nas contratações da prefeitura que são objeto de investigação do Ministério Público. O desespero do governador deixa ainda mais claro o clima de virada que vemos nas ruas. Hoje é dia de votar 50; amanhã o governador responderá pelos seus atos. Ele deveria ser preso por usar a máquina pública para cometer mais esse crime eleitoral", diz o texto.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também condenou a postura do atual governador de São Paulo, que pretende se lançar a presidente da República em 2026.

"Tarcísio deixou pra espalhar na manhã da eleição a maior fake news de toda a campanha. É um crime dos mais graves a divulgação, pelo governo de São Paulo, de bilhetes apócrifos, tentando associar a campanha de Boulos e Marta a uma facção criminosa. Deixou pra espalhar essa mentira só hoje pra tentar escapar da Justiça Eleitoral, armação rasteira e covarde, típica dos seguidores de Bolsonaro como Tarcísio e Nunes. Além de crime eleitoral, é um ataque e uma ofensa aos eleitores e eleitoras de Boulos e Marta".

A reportagem do Terra tenta localizar a equipe de Tarcísio de Freitas para comentar o caso. O espaço segue aberto para futuros posicionamentos.

Já a equipe de Ricardo Nunes afirmou que "por ora não vai se manifestar sobre os recentes pedidos de Guilherme Boulos (PSOL) à Justiça".

Fonte: Redação Terra
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