Com soco ignorado, debate em SP tem foco em críticas à atual gestão e Marçal isolado
Promovido pela Record, o encontro ocorre cinco dias após confusão entre equipes de Marçal e Nunes no Grupo Flow
O nono debate entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela Record TV, na noite deste sábado, 28, teve foco em ataques diretos a Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) --líderes das pesquisas de intenções de votos--, uma nova estratégia de Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) novamente isolado e troca de acusações.
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O encontro colocou os candidatos Marçal e José Luiz Datena (PSDB) um ao lado do outro, mesmo após o episódio da cadeirada, e ocorreu cinco dias após a confusão protagonizada pela equipe do candidato do PRTB no debate organizado pelo Flow Podcast. Marçal e Nunes, cujas equipes protagonizaram as agressões, evitaram falar sobre o caso de violência.
Os dois tiveram um único duelo na noite e dedicaram a oportunidade para trocarem acusações. O influenciador pediu explicações sobre a suposta participação do candidato à reeleição em esquema de desvio de recursos. Nunes, por sua vez, citou problemas de Marçal com a Justiça, incluindo o processo que fez ex-coach ser preso em 2005 e condenado pela Justiça por furto qualificado em 2010.
"Olha, Pablo Henrique, quem fugiu da polícia foi você. Fugiu pela sua condição de ter integrado uma das maiores quadrilhas desse país para poder roubar dinheiro de pessoas humildes pela internet", respondeu Nunes. "Você tem esse hábito, está bem conhecido por ser um mentiroso contumaz", completou o prefeito.
Datena e Boulos repetiram 'dobradinha' anterior com críticas à atual gestão, que virou alvo em vários momentos do debate. Questões de moradia, segurança, educação, saúde e falta de assistência a moradores de rua foram algumas das críticas feitas a Nunes pelos adversários.
Tabata Amaral mudou o alvo de seus primeiros questionamentos e, ao invés de Marçal, confrontou Boulos, criticando discrepâncias entre posicionamentos do candidato e de seu partido, o PSOL. Ambos disputam votos da esquerda. O deputado federal também foi criticado por Marina Helena (Novo).
Marina Helena defendeu, em troca com Boulos, os detidos pelas depredações do 8 de janeiro em Brasília. A fala aconteceu após a candidata do Novo acusar o adversário de invasões de propriedades privadas, públicas e ministérios enquanto líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Marçal isolado
Já o candidato do PRTB voltou a ser isolado pelos demais postulantes e só foi questionado quando sobrou somente ele para a pergunta de Marina Helena, de acordo com a dinâmica do debate. Na troca com Helena, Marçal chamou Boulos por um apelido, foi advertido e perdeu 30 segundos de suas considerações finais.
Marçal ainda associou Boulos, cujo número na urna é 50, do PSOL, ao 13, do PT. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na coligação do psolista e sua vice, Marta Suplicy, é filiada ao Partido dos Trabalhadores, mas a chapa usa o 50 nas urnas.
Em outro embate, Datena foi questionado por Marçal sobre o episódio da cadeirada. O jornalista afirmou que não houve destempero, que se defendeu e que o caso será discutido na Justiça. O tucano também garantiu que não vai desistir da corrida eleitoral nem renunciar ao cargo caso seja eleito.
O ex-apresentador até protagonizou uma dobradinha com o candidato do PRTB para atacar Nunes. "Qual foi o pior prefeito de São Paulo?", questionou Marçal a Datena, que respondeu que a lista é longa, mas lembrou que Nunes não chegou a ser eleito prefeito.
Ao todo, o debate teve onze pedidos de direito de resposta feitos pelos candidatos, mas todos foram negados pela organização do evento.
Embates entre Nunes e Boulos
Ao longo do debate, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos interagiram frequentemente com troca de farpas. Em pergunta feita por jornalista, o atual prefeito, que recebeu o apoio de Jair Bolsonaro, foi questionado se o ex-presidente indicaria cargos no caso de uma reeleição de Nunes. Ao comentar, Boulos acusou o adversário de não responder a pergunta.
O candidato à reeleição, por sua vez, lembrou que Boulos tem apoio do PT, partido que já governou a capital paulista. "Você fazendo crítica sem experiência nenhuma administrativa. Olha o partido que está na coligação com você. O (ex-prefeito Fernando) Haddad prometeu 10 itens (para a saúde) e cumpriu 1. Não cumpriu 9. Isso está no relatório do Tribunal de Contas do município", respondeu Nunes.
Enquanto ouvia a resposta, Guilherme Boulos fez gestos negativos com a mão, e foi alertado pelo jornalista e mediador do encontro, Eduardo Ribeiro, de que a atitude não é permitida.
O atual prefeito, por sua vez, acusou o psolista de normalizar a 'rachadinha' ao citar o caso do deputado federal André Janones (Avante-MG). Enquanto deputado federal, Boulos votou contra a cassação do aliado em acusações do uso de verba pública de seu gabinete.
Boulos também acusou Nunes de 'ficar no gabinete, escondido debaixo da mesma', durante a gestão, sem contato com a realidade da população.
O psolista voltou a citar o atual chefe do Executivo em embate com Marina Helena. Boulos ignorou pergunta da adversária e voltou a atacar Nunes. "Ricardo Nunes ficou três anos e meio. Ele teve a chance. A cidade está pior".
Os eleitores irão às urnas no primeiro turno no domingo, 6, em todo o Brasil. O segundo turno, caso seja necessário, será em 27 de outubro.