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Eleições em SP: Nunes faz aceno a eleitores de Marçal, e Boulos é cobrado pela periferia

Após o 1º turno mais acirrado de uma eleição municipal de São Paulo desde a redemocratização, os candidatos miraram em diferentes eleitores

8 out 2024 - 22h51
(atualizado às 23h31)
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Nunes e Boulos em eventos de campanha nesta terça-feira, 8, na zona sul de São Paulo.
Nunes e Boulos em eventos de campanha nesta terça-feira, 8, na zona sul de São Paulo.
Foto: Estadão

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), buscaram votos em diferentes pontos da zona sul da capital paulista nesta terça-feira, 8. Nunes fez uma caminhada nos arredores da estação Jabaquara da Linha 1-Azul do Metrô, que terminou ao lado da clínica que consta no laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB) contra o candidato do PSOL, seguida de encontro com vereadores eleitos. Boulos, por sua vez, começou o dia com entrevista para emissoras de rádio e depois partiu para uma caminhada na Estrada do M'Boi Mirim, no extremo sul da capital.

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Após o primeiro turno mais acirrado de uma eleição municipal de São Paulo desde a redemocratização, os candidatos miraram em diferentes eleitores nesta terça. Boulos partiu para o 'fundão' da cidade, buscando apoio, onde ganhou com pouca vantagem. Já Nunes procurou reforçar o apoio no Jabaquara, uma das 11 zonas eleitorais da região sul em que venceu.

Aceno a eleitores de Marçal

A caminhada de Nunes estava programada para começar às 14h30. Enquanto o atual prefeito e candidato à reeleição não chegava, ele atrasou cerca de 20 minutos, funcionários da campanha, alguns apoiadores e imprensa aguardavam na calçada, em frente a uma farmácia da rua dos Jequitibás.

A região é sempre movimentada, em parte pelo alto fluxo de passageiros que acessam a rodoviária local e o corredor Metropolitano ABD. O grupo com bandeiras e adesivos de Nunes chamava a atenção. Mais animados do que em outros eventos de campanha, eles apostaram em diferentes 'gritos de guerra' como "passou, passou um avião e nele estava escrito que Ricardo é campeão".

Ricardo Nunes comenta críticas de Silas Malafaia a Bolsonaro: ‘Calor de campanha’:

Nunes se esquivou das perguntas sobre o tímido apoio de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno e das críticas feitas pelo pastor Silas Malafaia ao ex-presidente. Ele disse acreditar que o atrito entre Malafaia e o ex-presidente é uma questão de “calor de campanha”, mas evitou se aprofundar na questão que definiu como uma tentativa de 'nacionalização da campanha'.

A estratégia da campanha é clara: reforçar a falta de experiência do adversário e em um 'suposto extremismo'. "Ele [Boulos] nunca teve experiência de vida de nada, a não ser fazer gestão de invasão e em ficar negando. O tempo inteiro, ele nega aquilo que foi a vida toda", disse o atual prefeito. Boulos disputou a Presidência em 2018 e a Prefeitura de São Paulo em 2020. Dois anos depois, o psolista foi eleito deputado federal.

"Vamos focar em pontos primordiais para ajudar o eleitor a tomar a sua decisão. Ninguém vai querer trocar alguém que tem experiência por alguém que não tem experiência. Ninguém vai querer trocar alguém centrado por alguém que é extremista", avaliou Nunes.

O candidato do MDB voltou a chamar a ideologia do adversário de extrema-esquerda, ainda que Boulos não defenda, por exemplo, a derrubada do Estado democrático. O reforço às diferenças ideológicas entre Nunes e Boulos demonstra também o esforço para atrair o eleitorado de Pablo Marçal (PRTB).

"Eu quero chamar os eleitores do Marçal para somar a nós para vencermos a extrema-esquerda", iniciou. "Se for pela questão ideológica, de direita, vem com a gente, porque eu defendo tudo aquilo. Temos os mesmos princípios: pátria, a defesa da família, [sou] contra o aborto, contra a liberação de drogas", finalizou.

Na segunda-feira, um dia após o primeiro turno das eleições, Nunes já havia descartado um possível apoio de Marçal. Em seu primeiro evento de campanha para o segundo turno, realizado ontem, ele foi taxativo. "Não vou procurar [Marçal]. Se for procurado, eu vou dizer a ele que espero que tenha aprendido com os erros, que ele possa fazer uma boa reflexão de tudo aquilo que cometeu, que ele siga o caminho dele e eu o meu", disse. Ao ser questionado se Marçal estaria em seu palanque, Nunes descartou rapidamente a possibilidade. "Não vai. No meu palanque não", afirmou enfaticamente.

Boulos diz que incorporou três propostas de Tabata para eventual gestão: ‘Eu decidi e vou fazer’:

Boulos tenta ganhar periferia

Em sua primeira atividade de rua desde o início do segundo turno, Boulos reuniu cerca de 100 apoiadores para uma caminhada na Estrada do M'Boi Mirim, área onde teve 36,98% dos votos no primeiro turno. Acompanhado de um carro de som, o candidato visitou lojas e conversou com os moradores, muitos dos quais expressaram cautela em relação às suas diversas propostas.

Durante um discurso, Boulos prometeu diversas melhorias para a região, incluindo a duplicação da estrada e a ampliação da Linha 5-Lilás até o Jardim Ângela. Ele também firmou um compromisso público, assinando um documento que prevê a construção de um Poupatempo da Saúde e dois novos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Durante sua fala, uma apoiadora, cheia de adesivos de campanha, exclamou: "E nós vamos cobrar!".

Apesar da recepção animada, alguns comerciantes mostraram desconfiança. "Ele só aparece em época de eleição. Se realmente quisesse mudar algo, viria aqui fora desse período", comentou o gerente de uma das lojas visitadas.

De olho nos votos da antiga adversária, Boulos também anunciou a inclusão de três projetos da deputada Tabata Amaral (PSB) em seu plano de governo. A parlamentar declarou seu apoio ao candidato do PSOL no segundo turno logo após ficar claro que ela não seguiria na disputa.

As iniciativas que agora fazem parte da plataforma de Boulos são voltadas para o empreendedorismo jovem, apoio a mães de crianças autistas e com deficiência e o desenvolvimento de polos tecnológicos na zona leste da capital.

Apostando fortemente na periferia, sendo que o extremo sul da cidade votou em Nunes, Boulos fez um discurso não só repetindo as promessas, como também criticando o atual prefeito e adversário. "Nós vamos ganhar essa eleição para devolver a Prefeitura de São Paulo para o povo da periferia dessa cidade".

Fonte: Redação Terra
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