Empresários ignoram crise da água em evento com Alckmin
Em evento que reuniu empresários na zona sul da capital paulista na manhã desta terça-feira, o governador e candidato à reeleição ao governo do Estado de São Paulo pelo PSDB Geraldo Alckmin foi poupado de questionamentos a respeito da crise hídrica, um dos temas mais polêmicos das eleições deste ano. Os participantes, empresários ligados ao Grupo de Líderes Empresariais (Lide), presidido por João Doria, ignoraram o tema e fizeram perguntas sobre produção de energia, segurança pública, transporte e política.
Logo nos primeiros minutos do evento, Doria, como anfitrião, agradeceu a presença de Alckmin e fez questão de mais uma vez declarar seu voto no atual governador.
“Nunca escondi e nunca vou esconder minha posição política. Ela é coerente e única. Sou filiado ao PSDB desde 2000 e quero que fique claro. Não mudei minha opinião e nem minhas decisões. Todos os candidatos são bem-vindos aqui, como Paulo Skaf (candidato ao governo pelo PMDB), que é meu amigo. Ele tem minha estima e minha amizade, mas não meu voto. Meu voto é de Geraldo Alckmin”, disse Doria, fortemente aplaudido pelos convidados. O petista Alexandre Padilha, assim como Skaf, também já participou do evento do Lide.
Doria elogiou ainda Mario Covas, que governou São Paulo e sempre é citado por Alckmin em seus discursos. “O Covas chamava o Alckmin de ‘Geraldinho’. Ele era um homem descente e fazia política como se deve fazer”.
Antes de passar a palavra para o tucano, o empresário leu o currículo de Alckmin e citou a “vasta experiência política” do atual governador de São Paulo. O candidato do PSDB falou por 28 minutos, sendo que 12 deles foram dominados pelo tema Metrô e CPTM. O restante, Alckmin usou para criticar a atual economia do País e para falar de educação e os investimentos que poderão ser feitos caso seja reeleito.
Por quase uma hora os empresários fizeram perguntas a Alckmin, porém sequer citaram o problema hídrico no Estado. Entre os questionamentos, um deles deixou o tucano em uma situação pouco confortável. Alckmin acabou perguntado sobre alternância de poder, já que é governador de São Paulo pela terceira vez e concorre ao quarto mandato, contando os dois anos herdados com a morte de Mario Covas em 2001.
“Seguimos o modelo americano, com mandato de quatro anos com uma reeleição. Esse modelo de fazer mandatos mais longos sem reeleição no presidencialismo, você tem um governo ruim com 5 ou 6 anos de crise que só sai com impeachment. O modelo de reeleição fica quatro anos e o povo decide. Acho que é um pouco cedo para se mudar. Não é um dogma, tem prós e contras. O que não pode é continuar do jeito que está, com 32 partidos disputando eleição. É uma vergonha termos chegado a esse ponto”, disse.
Outra pergunta feita por um dos empresários disse respeito ao apoio do PSDB paulista nas eleições presidenciais. O questionamento foi direto: “O PSDB de São Paulo está com Aécio Neves ou Marina Silva?”. Porém, para Alckmin, o apoio a Aécio sempre esteve muito claro. “O PSDB está com o Aécio. Só temos um candidato. Mario Covas, com quem aprendi muito, um homem inteiro dizia: ‘lealdade não é um traço de Ibope é um traço de caráter, então nosso candidato é o Aécio”.
Ao final do evento, Doria fez questão de cutucar a atual presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT), lembrando que alguns candidatos à presidência já participaram do Lide, mas a petista preferiu não comparecer. “A Dilma foi convidada, mas não aceitou pois não gosta de debate”.