No mesmo debate, Marçal pergunta 10 vezes para Nunes sobre denúncia de agressão contra esposa
Outros candidatos também trouxeram o tema à tona durante debate realizado nesta segunda-feira, 30
O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) questionou 10 vezes nesta segunda-feira, 30, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sobre o boletim de ocorrência que sua esposa Regina Carnovale abriu contra ele, em 2011, por violência doméstica.
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Regina é casada com Nunes há 27 anos e, juntos, eles têm três filhos. De acordo com a polícia, na ocasião em que houve o registro do B.O. contra o marido, Regina afirmou que eles viviam em união estável há 12 anos, mas que estavam separados há sete meses por conta do "ciúmes excessivo" de Nunes, que na época era vereador.
Posteriormente, ela retirou a acusação. Em 2020, quando o caso se tornou público, ela negou as agressões e disse que "estava em um momento difícil". "Acabei dizendo coisas que não são reais, tanto é que estamos juntos há mais de 20 anos", declarou.
O episódio foi amplamente explorado por Marçal no debate realizado pela Folha de S. Paulo e pelo UOL na manhã desta segunda-feira. A primeira vez, ele perguntou: "Ricardo Nunes, por favor, eu não vou tocar nesse assunto se você explicar ele em definitivo, porque você não responde nenhuma pergunta que qualquer um dos candidatos faz para você. A pergunta é, por que a sua esposa registrou o boletim de ocorrência por violência doméstica?"
Em resposta, Nunes rebateu: "O Pablo Henrique. E sabe por que é que é Pablo Henrique? Porque é o que está lá no inquérito da Polícia Federal, que ele foi condenado. Eu sou casado há 27 anos, 27 anos. Eu amo a minha esposa, nunca levantei um dedo para ela. Como você é baixo, cara, como você é baixo."
Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) também trouxeram o tema à tona durante o confronto.
"Existe uma acusação real que foi colocada em relação ao boletim de ocorrência que você precisa responder. Pablo Marçal é um provocador, é isso que ele é. Mas existe uma acusação real, aqui no UOL, na sua sabatina. Você negou o B.O. e foi desmentido pelas próprias jornalistas, dentre elas, a Fabiola [mediadora do debate]. Não dá para você querer ficar tapando o sol com a peneira", disse Boulos.
Em um segundo momento, o candidato do PSOL voltou a questionar Nunes: "Mas eu queria notar também essa situação do Ricardo Nunes não responder as coisas. É grave. Não respondeu novamente se o Bolsonaro vai indicar a gente ou não na sua gestão. Qual é a conclusão que a gente pode tirar? Não respondeu sobre as várias investigações em relação a ele e sobre o boletim de ocorrência de violência doméstica".
Já Tabata Amaral falou sobre dados de feminicídio na cidade de São Paulo e não chegou a questionar o atual prefeito de forma direta: "Vamos falar de violência doméstica, mas não ridicularizando um tema que é tão importante como infelizmente muitos adversários fazem. São Paulo bateu recorde de feminicídio nesse ano, já foram 25 feminicídios. E tem uma acusação, sim, muito grave em cima do prefeito, que é o fato de fazer muito pouco, quase nada para mudar essa realidade", afirmou.
"Nós sabemos que a violência doméstica, ela começa com abuso psicológico. É por isso que eu falo tanto da importância da gente garantir apoio psicológico e independência financeira para nossas mulheres. E aquelas mulheres que foram ameaçadas, elas merecem a proteção do poder público. Seja numa casa sigilosa, na qual elas possam estar até se reerguerem, estarem seguras, seja garantindo a Patrulha Maria da Penha. Nós temos hoje menos de 140 guardas fazendo esse patrulhamento. É muito pouco para as mulheres de São Paulo", declarou.
Sobre o caso
O registro de boletim de ocorrência aberto por Regina contra Nunes foi resgatado primeiro pela candidata Tabata Amaral (PSB). Em um debate anterior, no mês de agosto, Tabata perguntou sobre o caso e quem se manifestou foi a esposa de Nunes. Da plateia do estúdio, Regina gritou: "Deixa a minha família em paz".
Em resposta à Tabata, Nunes frisou nunca ter "levantado um dedo" contra a mulher. "Eu realmente tive com a minha esposa, há 14 anos atrás, um período de uns quatro ou cinco meses que a gente realmente se separou, tivemos um desentendimento, mas nada de agressão, nunca levantei um dedo e ela já falou isso", complementou.
Em entrevista ao Terra na ocasião, após o encerramento do debate, Regina afirmou ter ficado muito nervosa e disparou: "Porque mulher falando de mulher… Se fosse homem, não teria problema. Mas mulher querendo prejudicar mulher".