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Debate em SP tem candidatos contidos, propostas, expulsão e agressão no final

Primeiro debate ‘nativo digital’, transmitido nesta segunda-feira, 23, tem regras diferenciadas e candidatos mais propositivos

23 set 2024 - 21h40
(atualizado em 24/9/2024 às 00h15)
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Candidatos à Prefeitura de SP no debate organizado pelo Flow
Candidatos à Prefeitura de SP no debate organizado pelo Flow
Foto: YouTube / Flow News

O clima contido e propositivo que foi mantido, de maneira geral, ao longo de todo o debate com os candidatos à Prefeitura de São Paulo nesta segunda-feira, 23, se perdeu nos últimos minutos da transmissão. Pablo Marçal (PRTB), o último candidato a dar as considerações finais, foi expulso faltando 10 segundos para o encerramento de sua fala -- e o caso escalonou, terminando em agressão. 

O debate, promovido pelo Grupo Flow, em parcerria com o Grupo Nexo, da Faculdade de Direito da Univerdiade de São Paulo (USP), teve cerca de 3 horas de duração. Esse, que foi o primeiro debate realizado por um grupo criado na internet, teve um modelo diferenciado: sem embates diretos e com advertências que levavam a expulsão, punição que se concretizou com o autodenominado ex-coach.

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Participaram do evento Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB). Foram quatro blocos, três com perguntas e um último para considerações finais. O tema das perguntas, assim como qual candidato iria responder ou comentar, era sorteado na hora. 

Por conta do modelo do debate, os candidatos foram "obrigados" a apresentar propostas. E, em comparação a debates anteriores, essa transmissão foi marcada por mais projetos apresentados do que acusações e xingamentos. 

No primeiro bloco, por exemplo, os candidatos foram questionados por especialistas sobre população em situação de rua, segurança pública, educação, transporte, saúde e acessibilidade. Já no segundo e no terceiro, quando as perguntas vieram de eleitores, os temas foram diversos: preservação de monumentos históricos, transporte escolar gratuito, planos de inclusão para imigrantes, luta contra a fome, passagem de ônibus, turismo, poluição, planos de alfabetização, políticas públicas para mulheres, recursos para projetos sociais em periferias, investimento no empreendedorismo e dificuldades de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). 

O debate fluiu tranquilo nos dois primeiros blocos. A primeira 'cutucada' foi de Tabata, ao trazer à tona que Ricardo Nunes irá entregar a cidade com piores resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O prefeito argumentou que a cidade tem índices similares a de outros estados, citando dificuldades da pandemia.

Depois, ainda no primeiro bloco, Marina e Marçal foram sorteados para responder uma pergunta sobre qual seria a posição do candidato, como prefeito, no caso de uma nova pandemia. Os dois, em dobradinha, evocaram a polarização política. Marina começou questionando o Governo Lula sobre a situação em torno da Dengue. Marçal disse respeitar especialistas da saúde, mas que considera “nojento” a politização feita em torno da pandemia. Ele também falou imaginar que “Bolsonaro fez todas as coisas que ele fez tentando acertar” e que o “passaporte sanitário” oprimiu as pessoas, frisando que ele defende a liberdade.

Em pergunta sobre acessibilidade e melhores políticas públicas voltadas a pessoas com deficiência, Nunes disse que o orçamento da Secretaria Municipal de Pessoa com Deficiência é de R$ 80 milhões, “mas que ainda é pouco”, e citou apenas reformas estruturais feitas na cidade voltadas à acessibilidade. Também disse sobre o trabalho Inclui Sampa, que promove atividades voltadas a pessoas com deficiência, incluindo uma "tirolesa pra cadeirantes". Datena se mostrou confuso com o tema e começou sua fala citando idosos e lares de internação prolongada. Depois disse que é preciso que crianças “com necessidades especiais” tenham inclusão social e possam seguir na vida escolar.

Segundo bloco

O segundo bloco foi voltado a perguntas de moradores de São Paulo. A primeira foi voltada à preservação de monumentos históricos. Marçal e Marina responderam. Marçal usou seus dois primeiros miuntos de fala para atacar a atual gestão. Já Marina defendeu um processo mais célere e mais barato. Na tréplica, Marçal seguiu falando sobre a gestão ter “mentalidade pequena”. 

Depois, uma cidadã perguntou sobre a possibilidade da disponibilização de transporte escolar gratuito para as crianças. Nunes, escolhido para responder, disse que esse transporte já existe e que deve ter ocorrido algum “mal entendido”. Datena, que comentou, frisou a importância de que esse transporte seja seguro e acrescentou que se for eleito irá aumentar o horário da creche em duas horas -- pensando no trânsito que familiares enfrentam ao buscarem os filhos.

A terceira pergunta foi sobre planos de inclusão para imigrantes. Datena, sorteado para responder, falou que o Brasil  é “o único país do mundo em que a miscigenação de raças deu certo” e frisou o caráter acolhedor do país. O candidato não apresentou propostas específicas. Marçal disse que todos são bem-vindos na cidade e que a criação de empregos que estimulará, caso seja eleito, garantirá isso. Nas entrelinhas, os dois trocaram farpas, em referência à cadeirada.

A luta contra a fome foi o próximo tópico elencado. Marina respondeu, dizendo que garantir uma “porta de saída” é fundamental e questionou gastos com organizações que deixam pessoas “dependentes de marmitas nas ruas”. Para ela, o fundamental é restabelecer vínculos familiares, fornecer tratamento psicológico e capacitação para o mercado de trabalho. Nunes falou sobre projetos em andamento e complementou que atualmente são 2 milhões e 600 mil refeições por dia entregues na cidade, citando ser algo a comemorar. 

A penúltima pergunta foi em tom de indignação, sobre “para onde está indo o dinheiro da passagem de ônibus”. Boulos e Tabata responderam, criticando o atual sistema. Tabata elencou a importância de corredores de ônibus, semáforos inteligentes e mais linhas e trajetos. Boulos se comprometeu em garantir um transporte mais rápido, se for eleito.

A última pergunta foi voltada ao turismo. Tabata levantou a importância de existir um melhor o policiamento e uma melhor zeladoria, assim como buscar combater a insegurança de mulheres nas ruas e o roubo de celulares. Para ela, sem segurança, não tem povo circulando na rua. Boulos, que comentou, falou sobre o turismo de negócios e que isso precisa de plano e projeto.

Terceiro Bloco

No terceiro bloco, foram mais seis perguntas de eleitores. A primeira foi relacionada a poluição. Marçal respondeu e falou sobre a isenção de IPVA de carros elétricos, a implementação de combustível verde na frota de ônibus e a plantação de 3 milhões de árvores. Boulos também falou sobre a eletrificação da frota de ônibus, trouxe a pauta da reciclagem e disse que irá universalizar a coleta seletiva junto aos catadores. 

Marçal rebateu que Boulos não irá fazer isso o acusando de ser “o único que não tem chance nenhuma de vencer a prefeitura de São Paulo”. “A única coisa que vou concordar com ele é sobre o atual prefeito”, complementou, dizendo que não se acostuma com o “cheiro de urina do centro de São Paulo e com cheiro horrível que cidade tem por conta de mazelas de um perfeito pequeno”. 

Boulos fez seu primeiro pedido de resposta, após Marçal fazer declarações sobre invasões, e foi negado. Mas, na sequência, Boulos e Marina Helena foram sorteados para responder sobre planos de alfabetização e o candidato do PSOL aproveitou o momento para dizer ao concorrente: "A única coisa que vou invadir nessa campanha é a sua cabecinha vazia, e vou invadir com ideias e propostas”.

Sobre o tema, Boulos contou que criará um mutirão Paulo Freire de alfabetização para jovens e adultos e que “não deixará ninguém para trás”. Marina, que falou na sequência, disse que se arrepiou com a fala de Boulos, pontuando que o método citado pelo oponente é um dos motivos da educação da cidade estar “uma lástima”. Ela também citou que terá “menos comunismo” e menos “ideologia de gênero” na educação, e que professores que não ensinam “têm que sair pra dar lugar aos que querem ensinar”. Boulos usou sua tréplica para comentar sobre os “fantasmas” criados por bolsonaristas, desmentindo fake news.

A próxima pergunta foi sobre projetos voltados a políticas públicas para mulheres, onde Tabata e Marçal foram sorteados. Tabata falou sobre a importância da melhoria em segurança e zeladoria, assim como melhorias em serviços de apoio psicológico a mulheres que sofreram violência, para que seja garantido renda e moradia. Marçal, entre suas propostas, citou a "reciclagem de homens", que consistem em uma iniciativa de “treinamento” em escolas e trabalhos para que os homens “aprendam a respeitar mulheres”.

Depois, os candidatos foram questionados sobre recursos direcionados a projetos sociais nas periferias. Nunes e Tabata responderam. Nunes disse que foi aprovado, pela primeira vez, um artigo que diz que parte dos investimentos da cidade devem ser necessariamente investidos nas regiões mais periféricas. Tabata se comprometeu em fornecer transparência sobre editais de projetos culturais. 

Em pergunta sobre investimento no empreendedorismo na cidade, Datena foi sorteado para responder e, após dizer que ao caminho é “trocar imposto por emprego”, usou seus minutos para atacar Pablo Marçal e recebeu uma advertência. Nunes, que comentou, falou sobre os projetos Meu Trampo e Fundação Paulistana. Na tréplica, Datena falou que “não quer que o rico fique mais pobre”, mas que o rico, com incentivo fiscal, crie emprego para quem não tem.

Pelos ataques de Datena, Marçal teve um direito de resposta concedido, o primeiro do debate. Ele gastou  um minuto e meio para contextualizar sua fala e, no fim, foi cortado antes de dizer o que planejava.

Depois, a pergunta foi sobre dificuldades de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Marina Helena citou mais uma vez a proposta ‘Chega de Filas’ e sobre melhorias de gestão que podem fazer com que essa “fila ande”, como a confirmação da consulta antes da data. Datena fala sobre a importância de mais unidades funcionando 24 horas por dia e prometeu que isso terá funcionamento, pois "cabe no orçamento", como alegou.

Quarto bloco

No quarto e último bloco, os candidatos tiveram 2 minutos e meio para fazerem suas considerações finais.

Marina Helena falou sobre ter “um grande time” ao seu redor, dizendo ser o que garantiu que ela estivesse em posições de liderança tanto no setor público, quanto privado e no terceiro setor. “Uma pessoa sozinha não resolve os problemas de todo mundo, muito pelo contrário. Você está votando em um time que sabe o que faz”, acrescentou.

Ricardo Nunes falou sobre o desafio que é cuidar de São Paulo e que a cidade tem muitos avanços. O atual prefeito disse que se preparou muito para cuidar da cidade e deixou o recado: “Tem algo que é fundamental, o equilíbrio. Não dá pra ser prefeito dessa cidade, que tem problema todos os dias, tem que ter equilíbrio para lidar com tantos desafios”, disse.

Datena se apresentou dizendo ser uma pessoa que não mente, afirmando já ser conhecido pelas famílias há 50 anos. “Eu não tenho medo de bandido, de crime organizado, de milícia”, enfatizou. Além disso, ele disse que dará sua vida para “acabar com esses aspirantes criminosos que querem chegar ao cargo da prefeitura mais importante do país e uma das mais importantes do mundo”.

Boulos falou sobre a importância da escolha do eleitor e disse que sua diferença entre seus principais concorrentes é que ele está na periferia todo dia, e não aparece apenas de 4 em 4 anos. “A questão é quem tem compromisso de vida. Ou quem tá na política por privilégio, pra ganhar dinheiro, por ego.. É isso que está em jogo”, disse.

Tabata Amaral pediu para que as pessoas não votem por medo. “Eu preciso que você tenha esperança, que você tenha coragem. A gente é filho de gente batalhadora, que não tem medo não”, disse, pedindo coragem para que coloquem uma mulher na Prefeitura de São Paulo e que trabalhe “todo dia como se fosse véspera de eleição”.

Por fim, Pablo Marçal falou que sua candidatura à Prefeitura de São Paulo é uma missão e não um sonho. A partir disso, ele faz uma pergunta: “Se alguém da sua família estivesse no 27º andar, pegando fogo no apartamento, estragou o elevador, você vai chamar quem pra socorrer?”. Na sequência, fez perguntas do tipo e concluiu: “Ou me dê esse livramento, ou me dê essa missão. É o único jeito de você prosperar nessa cidade”.

Até que, faltando cerca de 40 segundos de fala, Marçal fez a promessa de que Boulos “irá para a cadeia” e foi interrompido pelo mediador. Tramontina o deu uma advertência e falou que o candidato estaria utilizando os últimos momentos do debate para “abaixar o nível” e pediu para que ele se acalmasse. 

Ao retomar a fala, Marçal afirmou que “também vai prender” o prefeito por envolvimento com esquema de creches. Mais uma vez ele é interrompido e advertido pelo moderador. Marçal, então, fica mais 15 segundos em silêncio. E quando restam apenas mais 15 segundos de fala, ele retoma a acusação e chama Nunes de ‘banana’. Ele, então, é advertido e excluído do debate nos últimos 10 segundo. 

Marçal é convidado a se retirar e, no segundo seguinte, uma confusão toma conta da transmissão. Em meio a gritos de “segura ele”, a transmissão é interrompida momentaneamente. Depois, já sem os candidatos na sala, Tramontina explica que o assessor de Ricardo Nunes foi agredido com um soco no rosto. 

*Matéria em atualização

Fonte: Redação Terra
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