Sem nada a perder, Elvis e Poit se arriscam mais em debate, avaliam especialistas
Deysi Cioccari chegou até a comparar Elvis com o Cabo Daciolo, candidato à Presidência que chamou atenção durante as eleições de 2018
Candidatos com menos chances de serem eleitos governador de São Paulo - segundo as pesquisas eleitorais - se saíram melhor no debate realizado na noite deste sábado, 17, pelo Terra em parceria com SBT, Nova Brasil, Estadão/Eldorado e Veja. Essa é a opinião de cientistas políticos que analisaram o desempenho dos candidatos.
Apesar do tom mais agressivo contra o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) em alguns blocos, candidatos menores como Elvis Cezar (PDT) e Vinícius Poit (Novo) se arriscaram mais na tentativa de chamar a atenção do eleitor.
"O Vinícius Poit e o Elvis têm muito pouco a perder, né? Eles estão numa porcentagem muito abaixo dos outros três candidatos [Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB), e Tarcísio de Freitas (Republicanos)], que estão jogando de forma mais defensiva", afirma o cientista político Rogério Schmitt.
Segundo o Datafolha, divulgado na última quinta-feira, 15, Fernando Haddad (PT) mantém a liderança na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes com 36% das intenções de voto. Com 22%, Tarcísio de Freitas (PSDB) aparece tecnicamente empatado com o governador Rodrigo Garcia, que subiu de 15% para 19%. Os demais candidatos não alcançam mais de 1% das intenções de votos.
A analista política Deysi Cioccari chegou até a comparar Elvis com o Cabo Daciolo, candidato à Presidência que chamou atenção durante as eleições de 2018. "Eu diria que o Elvis é o Daciolo. Ele está fazendo uso de todos os espaços para aparecer”.
"Ele [Elvis] fez até um papel com o Tarcísio que seria do Rodrigo Garcia de dizer que o Tarcísio destinou mais verba do Ministério da Infraestrutura para outros estados, e não pra São Paulo. Esse é um papel que a gente esperava mais do Rodrigo Garcia, mas, a ideia agora é essa mesmo, é aumentar a agressividade para disputar aquele voto que ainda tá indeciso", acrescenta.
Cioccari também destacou o bom uso da vitrine do debate por Vinicius Poit. "Ele foi muito bem, porque toda vez que ele fala, ele pede para pesquisar ele, dá o número dele, né? Então, isso é uma vantagem competitiva para quem não aparece tanto. Está fazendo o trabalho direitinho."
Rogério Schmitt comentou ainda os ataques contra Fernando Haddad, que lidera as pesquisas de intenção de voto. “Está defendendo a sua liderança, não é? Está vendo o Rodrigo Garcia e o Tarcísio de Freitas se aproximarem dele, e daí é preciso defender a sua posição para disputar o segundo turno”, avalia.
O ponto negativo, na avaliação de Schmitt, foi a quantidade de dados e números que os candidatos jogam para o eleitor. “Até atrapalha, né? É uma quantidade absurda de informação e de fato ninguém tem tempo ou paciência para ir lá verificar cada uma dessas fontes”, afirma ele, que acrescenta a importância das discussões sobre diversidade no debate.
Esse ponto também chamou atenção do cientista político Gilberto de Palma, que também fez suas análises para o Terra. "Veja que, embora esteja presente no discurso, a questão do equilíbrio de gêneros, a questão racial, são questões estruturais do nosso País. Não temos nenhuma pessoa negra nesse debate. Não temos uma mulher sequer. Então seremos sempre homens brancos falando", observa.
Assista ao debate de SP na íntegra:
Outros debates
O Terra também irá promover, em parceria com SBT, CNN Brasil, Nova Brasil, Estadão/Eldorado e Veja, um debate com os candidatos à Presidência. O evento está agendado para 24 de setembro.
E, em caso de um segundo turno, a data para o encontro entre os dois candidatos mais votados na disputa pelo governo de São Paulo será no dia 15 de outubro. No dia 22 de outubro, será a vez do debate entre os dois candidatos mais votados na corrida ao Palácio do Planalto.