SP: bastidor de primeiro debate tem revolta de esposa de Nunes, bate-boca de Marçal e risos da plateia
Primeiro debate para a Prefeitura de São Paulo contou com Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Pablo Marçal e Tabata Amaral
Faltando menos de dois meses para o primeiro turno das eleições municipais, os candidatos à Prefeitura de São Paulo participaram do primeiro debate eleitoral nesta quinta-feira, 9. No palco, as discussões tiveram foco no atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e foram marcadas pela ira de Pablo Marçal (PRTB) e ironias de José Luiz Datena (PSDB). Já nos bastidores, que o Terra acompanhou de perto, teve grito de revolta da esposa de Nunes, risos da plateia e, para finalizar a noite, bate-boca de Marçal.
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Logo no início do debate, no momento de apresentação dos candidatos, Datena arrancou risos contidos da plateia ao não desapegar da postura de apresentador. Até Guilherme Boulos (PSOL) deu risada. E esse não foi o único momento que o candidato do PSDB movimentou o estúdio. Quando ele disse que Boulos deveria ser "prefeito de Caracas", as risadas ganharam mais força.
Datena e Boulos, inclusive, foram flagrados pela reportagem conversando antes do primeiro bloco ter início. Boulos parecia mais descontraído, caminhando e tentando puxar assunto com o candidato do PSDB, que estava posicionado ao seu lado. Mas o também apresentador encerrou a tentativa de papo com um sonoro 'vou dar um pau em você', ao brincar que 'venceria' o candidato do PSOL no debate.
Nos intervalos, a produção do programa pediu que todos permanecessem sentados, mas um integrante da campanha de Pablo Marçal irritou a equipe do MDB. Ele começou a filmar Ricardo Nunes conversando com seus marqueteiros e, da plateia, emedebistas chamaram atenção da produção da Band. Após o alerta, o rapaz foi afastado do local sob protestos. "Que vergonha, hein?", ouviu a reportagem de um dos emedebistas.
Grito de raiva
No geral, o estúdio se manteve quieto, seguindo as regras da produção, que proibia que os presentes se manifestassem. Mas um dos pontos mais tensos da noite, para quem estava na plateia, foi quando Tabata Amaral (PSB) perguntou a Ricardo Nunes sobre o B.O. de violência doméstica que sua esposa, Regina Nunes, registrou contra ele em 2011. O resgate da situação se deu pois, no mês passado, o atual prefeito mentiu dizendo que a denúncia foi 'forjada', mas foi desmentido pela Secretaria de Segurança Pública. Quando o assunto veio à tona, Regina se levantou e gritou: "Respeita a minha família".
O Terra presenciou que ela até tentou se levantar, mas acabou impedida por Baleia Rossi, presidente nacional do MDB. Com a movimentação, um segurança passou a ficar mais próximo do setor em que o partido se concentrava.
Em resposta à Tabata, Nunes frisou nunca ter "levantado um dedo" contra a mulher. "Eu realmente tive com a minha esposa, há 14 anos, um período de uns quatro ou cinco meses que a gente realmente se separou, tivemos um desentendimento, mas nada de agressão, nunca levantei um dedo e ela já falou isso", complementou.
Em entrevista exclusiva ao Terra, após o encerramento do debate, Regina afirmou ter ficado muito nervosa e disparou: "Porque mulher falando de mulher… Se fosse homem, não teria problema. Mas mulher querendo prejudicar mulher."
Após o encerramento da sabatina, Tabata disse ao Terra que se solidariza com a mulher de Nunes, mas voltou a questionar o político sobre a forma como lidou com o assunto. "Eu me solidarizo profundamente com ela. Eu tenho amigas que já viveram isso. Quando você toma coragem, faz uma denúncia e segue no relacionamento, ainda mais com um homem poderoso, é muito comum que haja uma pressão gigantesca para que você mude a história. Nada do que eu disse aqui é sobre ela. Em relação a ela, a minha solidariedade", disse.
"Se eu acho grave que o prefeito minta descaradamente e desacredita o trabalho da polícia, é claro que eu acho grave. Essa foi a primeira oportunidade que a gente teve de confrontá-lo sobre isso. Porque a Polícia Civil, o governo do Estado, lembrando que ele é próximo do governador Tarcísio, disseram que ele estava mentindo. Prefeito que desautoriza o trabalho da polícia não consegue trabalhar com a polícia. E ainda segue sem deixar claro por que mentiu. O B.O. não foi forjado", complementou a candidata.
Depois do fim
Enquanto Datena se manteve mais irônico e arredio, Pablo Marçal adotou uma postura mais agressiva, com ataques pessoais a candidatos e ataques de ira ao longo das falas. E isso não se manteve apenas no ao vivo. Ao sair dos estúdios da Band, o coach se dirigiu ao espaço externo para ser entrevistado por jornalistas e acabou caindo em um bate-boca com Lula Guimarães, o marqueteiro de seu adversário Guilherme Boulos.
"Mentiroso, babaca", gritou Guimarães. "Fala gordão", retrucou Marçal. Em seguida, o candidato continuou: "A cidade de São Paulo está infestada de esquerdistas, malucos. Eles querem tomar essa cidade de volta". O nível foi baixo, encerrando a noite com muitos xingamentos na boca.
As eleições municipais de 2024 acontecem no dia 6 de outubro, o primeiro domingo do mês. Já o segundo turno, se for o caso, deve acontecer no último domingo de outubro, no dia 27.