"Suspender as eleições é inevitável", diz presidente da CNM
Glademir Aroldi questiona "clima" para realização das eleições em outubro; ministro da Saúde também defendeu adiamento do pleito
BRASÍLIA - O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, avaliou nesta segunda-feira, 23, como "inevitável" a suspensão das eleições municipais de outubro, por causa do novo coronavírus. A ideia foi defendida pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e discutida por dirigentes partidários.
"Eu entendo que a suspensão da eleição é inevitável. Se aquilo que está sendo projetado se confirmar, não há possibilidade de acontecer eleições", afirmou Aroldi ao Estadão/Broadcast Político, citando a projeção de picos da doença em julho e agosto no Brasil e a estabilização em setembro. "Será que tem clima no Brasil para realização de uma eleição? Quanto custa uma eleição para o País? Esse dinheiro não deveria ser usado para o combate ao coronavírus, para tratar da saúde das pessoas?", questionou o presidente da CNM.
Pelo calendário da Justiça Eleitoral, a campanha começa oficialmente em 16 de agosto. O primeiro turno está marcado para 4 de outubro. Antes, porém, há prazos importantes que os candidatos precisam cumprir, como o da filiação. O prazo de seis meses antes da eleição para que o político que queira concorrer esteja filiado a algum partido termina no dia 4 de abril.
O presidente da CNM disse que a entidade decidiu não encampar oficialmente uma proposta de adiamento das eleições para não sinalizar que está usando a crise do coronavírus em prol dos mandatos de prefeitos. Aroldi destacou, no entanto, que a entidade defende a realização de todas as eleições — de presidente da República a vereador — em um único pleito.
Neste domingo, 22, o ministro Mandetta sugeriu o adiamento das disputas municipais, sem, porém, apresentar nova data. Para o titular da Saúde, a realização de campanha eleitoral, neste momento, seria uma "tragédia". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, porém, que a hora é de se concentrar apenas no combate à pandemia. "Vamos focar agora no tema da saúde", afirmou Maia, elogiando Mandetta. "Na hora correta, vamos cuidar da eleição."