Tarcísio diz que "pisou na bola" ao dizer que SP precisa ser governado por um forasteiro
Em sabatina, candidato do Republicanos afirma que declaração foi "descontextualizada" e que não pode ser penalizado por isso
O candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta quarta-feira, 24, durante sabatina organizada pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), que "pisou na bola" ao dizer que São Paulo precisa de um "forasteiro" para governar o Estado. "Essa frase foi descontextualizada. A gente está exposto o tempo todo. O tempo todo a gente dá declarações, nem sempre a gente vai ser feliz. Na menor pisada de bola, a gente é crucificado", disse.
O ex-ministro de Infraestrutura afirmou ainda que "em momento nenhum" quis dizer que a população paulista não é capaz de governar seu Estado. "O pessoal é que questiona muito a minha capacidade de lidar com os problemas de São Paulo."
Tarcísio disse estar "sensível" com os problemas do Estado, embora seja natural do Rio de Janeiro. Ele voltou a argumentar que sua experiência como ex-ministro do governo Jair Bolsonaro faz com que ele conheça o que precisa ser feito. "Eventualmente, você vai ter um cara de fora concluindo o Rodoanel (obra em andamento há anos em São Paulo). Eu não disse que um paulista não é capaz".
Sobre seu domicílio eleitoral - Tarcísio afirmou à Justiça Eleitoral ter se mudado para São José dos Campos, no interior -, o candidato listou todos os Estados do País pelos quais passou seja estudando ou trabalhando. Essa experiência, segundo ele, é mais relevante do que o fato de ele não ser de São Paulo.
Carta pela democracia "não faz o menor sentido"
Tarcísio de Freitas questionou ainda o simbolismo da carta pela democracia da USP e classificou o documento como uma peça "político-partidária" contra o presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro repetiu o argumento do chefe do Executivo e alegou que os signatários do manifesto são favoráveis a regimes autoritários da América Latina, como Nicarágua e Cuba. Segundo ele, o documento "não faz o menor sentido".
"Acho o 'fim da picada' haver pessoas assinando a carta se dizendo defensores da democracia no Brasil, mas defendendo ditadura na Nicarágua, na Venezuela (...) então, não faz o menor sentido", afirmou o candidato durante sabatina.
A colunista Eliane Cantanhêde, mediadora do evento, ponderou que o manifesto pela democracia teve mais de 1 milhão de adesões, inclusive de entidades ligadas à Indústria e ao setor financeiro, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Tarcísio não respondeu se fica constrangido com as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas. Questionado sobre o assunto, ele afirmou que constrangedor é ter um "ex-preso" concorrendo à Presidência, em referência a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Compromisso com legislação sobre aborto legal
Se eleito, o candidato se comprometeu também a cumprir a legislação que permite o aborto em determinados casos nos hospitais de São Paulo. O ex-ministro defendeu que as mulheres tenham "toda a assistência" ao realizar o procedimento e classificou essa prerrogativa como uma política pública "importante".
"O legislador tem a competência para disciplinar questões relacionadas ao aborto. O que está previsto na legislação é o que nós vamos cumprir", afirmou o candidato. "A lei disciplinou as hipóteses em que o aborto é possível e legal. É uma política pública importante e elas (as mulheres) vão ter todo o suporte para isso", completou.
Tarcísio deixou claro que é contra a interrupção da gravidez devido à sua religião, mas indicou que não tentará mudar a lei que permite a prática em casos de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal. A declaração de Tarcísio vai contra parte da base bolsonarista no Congresso, que já tentou levar adiante projetos que limitam o direito ao aborto legal.
Transporte
Tarcísio de Freitas, tentando se apoiar principalmente no seu ativo eleitoral como ex-ministro da Infraestrutura, afirmou entender a necessidade de ser feita a expansão do metrô no Estado de São Paulo. Para lidar com o problema, o ex-ministro disse que sua principal proposta para avançar as obras seria a aplicação de sanções para que contratos sejam cumpridos. "Começar a aplicar as sanções, que têm uma gradação, até chegar a caducidade", disse.
"A gente vai atuar para que os contratos sejam cumpridos, usar o poder de polícia, o poder do poder concedente para fazer com que esse contrato seja cumprido, que os padrões e os parâmetros de desempenho sejam observados, e aplicar as penalidades previstas no contrato", afirmou, durante a sabatina Estadão/FAAP.
Mesmo se dizendo sensível aos problemas do transporte público no Estado, ao ser questionado se teria um Bilhete Único para transitar, o ex-ministro afirmou que não tem o cartão. "É relevante?", questionou. "Não tenho problema nenhum em ter também", completou.
Sabatinas
A ordem das entrevistas foi definida em sorteio virtual acompanhado por representantes das campanhas. A série de encontros Estadão-FAAP ocorreu ao longo deste mês na sede da fundação, na capital paulista.
Foram entrevistados Elvis Cezar (PDT), Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB) e Vinicius Poit (Novo).
As sabatinas são realizadas no Auditório FAAP, com início às 10 horas, com quatro blocos e intervalos de três minutos. Os eventos serão transmitidos pelas plataformas digitais do Estadão e da FAAP, incluindo cobertura e transmissão também pela Rádio Eldorado. Os estudantes do LabJor FAAP, laboratório do curso de jornalismo, também farão a cobertura especial em suas redes.
* Com informações do Estadão Conteúdo