Tarcísio nega "exploração da fé" pela campanha de Bolsonaro
Candidato do Republicanos defende que mistura entre política e religião 'não está indo longe demais'
O candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, minimizou críticas de que ele e o presidente Jair Bolsonaro (PL) estariam usando celebrações religiosas como palanque eleitoral.
Em sabatina realizada pela Jovem Pan, o ex-ministro disse que "não está havendo exploração da fé" pela campanha do chefe do Executivo e que a mistura entre política e religião "não estão indo longe demais".
"Não está havendo exploração da fé. Você tem um presidente que é cristão, que defende valores da família. Professar a fé, mostrar a sua veia religiosa não é problema nenhum", disse. Tarcísio também foi questionado sobre alegações de Bolsonaro de que o PT "fecharia igrejas" se voltar ao Poder.
"Não acho que esteja indo longe demais (a mistura entre política religião). O debate é que valores a gente quer para nossa sociedade. O Estado é laico, o presidente e eu somos cristãos. Como cristão, você tem uma linha que você tem que defender", completou.
Tarcísio também alegou que situações de agressão registradas durante o dia de Nossa Senhora Aparecida, no Santuário Nacional, durante a visita de Bolsonaro não refletem a postura do presidente e teriam sido protagonizadas também por opositores do presidente.
"O presidente não pode ser responsabilizado por excesso de um apoiador ou outro que por ventura não sabe se comportar e não entenda a importância daquela festa. Do ponto de vista do comportamento do presidente, nenhum reparo a fazer. Do lado de fora você tinha apoiadores dos dois lados, você tinha gente também contrária ao presidente que não se comportou de forma adequada", disse.
Tarcísio e Bolsonaro cumprem uma extensa agenda com foco no eleitorado religioso. Além de comparecerem em Aparecida (SP), também estiveram em diversos cultos evangélicos. Em uma ocasião, o presidente chegou a pedir aos fiéis virarem votos de nordestinos.
Como mostrou o Estadão, a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro arrastou a Igreja Católica para debate eleitoral. Autoridades eclesiásticas tiveram de ir a público pedir "calma", "discernimento" e "respeito" entre os fiéis, em meio às divergências. O arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, pro sua vez, teve de explicar por que usa vestes vermelhas - a cor da vestimenta dos cardeais.
O candidato também voltou a dizer que o tiroteio que ocorreu em Paraisópolis a cerca de 100 metros do local em que cumpria uma agenda de campanha não teve caráter político-eleitoral.
"Não tem nada a ver com a minha pessoa, não é atentado, não tem questão político-partidária", defendeu. Para ele, a troca de tiros teve relação com domínio territorial. "Você entrou aqui e não pediu permissão, a gente não sabia que você estaria aqui, não é assim que funciona", disse, sobre a motivação dos suspeitos envolvidos na troca de tiros. "Houve um recado, uma tentativa de intimidação."
Questionado sobre o uso de câmeras corporais pelos profissionais, equipamento que será usado para elucidar o caso em Paraisópolis, Tarcísio reiterou ser crítico à política, mas sugeriu que, se eleito, não tomará sozinho a decisão de continuidade ou não do sistema. "Vou ouvir os especialistas da área de segurança pública para que a gente reestabeleça a sensação de segurança. Com a equipe de Segurança Pública a gente vai avaliar qual é o melhor uso dessa câmera se é que tem que ser usada". Segundo ele, é necessário "coibir eventuais excessos de maus policiais".