Toalha de Lula vira capacho na cidade mais bolsonarista de SP
Saltinho, perto de Piracicaba, vive do agronegócio e deu a Bolsonaro quase 76% dos votos no primeiro turno desta eleição
Ninguém consegue entrar na loja de eletrônicos do comerciante Ederson Fabiano Nicolau, de 38 anos, no centro de Saltinho, interior de São Paulo, sem pisar na foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, impressa em uma espécie de capacho.
"Aqui ninguém entra sem limpar bem os pés", disse Nicolau, que se declara "bolsonarista roxo, armamentista e CAC (caçador, atirador e colecionador de armas)". A fachada da loja está decorada com uma foto do presidente Jair Bolsonaro, do PL, candidato à reeleição.
Para o funcionário público Val Mazziero, de 62 anos, um dos poucos lulistas declarados da cidade, Saltinho é tradicionalmente uma cidade "chapa-branca", que apoia quem está no governo. "Era um reduto tucano, agora é bolsonarista."
Até 1991, Saltinho era distrito de Piracicaba e, em 30 anos de autonomia (foi emancipada em 1992), só teve dois prefeitos que não eram do PSDB. A cidade foi fundada por um militar, o sargento-mor Fernando Ferraz de Arruda, conhecido como Major Fernando, e logo se tornou um dos principais polos canavieiros do interior. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que leva em conta indicadores de qualidade de vida, é o 33.º mais alto entre os 645 municípios paulistas, superando cidades como Piracicaba e Araçatuba. Não há favela e apenas 110 pessoas recebem o Auxílio Brasil.
Raio X
Saltinho tem 8.498 habitantes e 5.661 eleitores. Era distrito de Piracicaba até 1991. O Índice de Desenvolvimento Humano é 0,791 (alto) e a expectativa de vida é de 77,35 anos.