TSE dá três dias para partido de Bolsonaro explicar fonte de custeio de relatório contra as urnas
Corregedor-geral da Justiça Eleitoral determinou que o PL explique se o pagamento para a produção do relatório foi feita à empresa ou ao dono do instituto que tentou embasar as alegações conta as urnas eletrônicas
BRASÍLIA - O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, determinou prazo de três dias para que o Partido Liberal (PL), sigla pela qual o presidente Jair Bolsonaro concorre à reeleição, apresente a fonte dos recursos do relatório que levantou suspeitas, sem provas, sobre a segurança das urnas eletrônicas. O ministro pede que a legenda detalhe a origem do dinheiro, que foi classificado apenas como oriundo de conta classificada como o codinome "outros recursos".
Às vésperas do primeiro turno da eleição deste ano, o PL divulgou um documento contendo diversos ataques à Justiça Eleitoral. A sigla presidida por Valdemar Costa Neto alegou, sem que fosse apresentado algum indicio, que servidores do TSE poderiam fraudar as urnas eletrônicas. O partido repetiu as acusações feitas por Bolsonaro contra o sistema eletrônico de votação. O documento foi publicado sem a assinatura de filiados.
"Somente um grupo restrito de servidores e colaboradores do TSE controla todo o código fonte dos programas da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais. Sem qualquer controle externo, isto cria, nas mãos de alguns técnicos, um poder absoluto de manipular resultados da eleição, sem deixar qualquer rastro", disse o PL.
No mesmo dia, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que integrantes do PL fosse investigados por produzirem um relatório com informações "falsas e mentirosas" sobre a segurança das urnas eletrônicas. O ministro ainda encaminhou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ser incluído no inquérito das fake news, do qual é relator. Segundo Moraes, o documento não possui "amparo na realidade, reunindo informações fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral".
O PL chegou a enviar ao TSE os recebidos do contrato da empresa Instituo Voto Legal (IVL), que embasou o relatório, mas não detalhou se a receita é oriunda de recurso público ou de arrecadação por doações. O partido também não explicou se o pagamento foi feito ao IVL ou ao dono Carlos Moretzsohn. Benedito pediu que todas essas informações sejam encaminhadas à Corte.