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Em meio a protestos, China sinaliza alívio da "covid zero"

1 dez 2022 - 10h46
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Em Xangai, 24 distritos designados como de "alto risco" foram liberados das medidas de bloqueio. Governo chinês fala em "novo estágio" no combate à pandemia, admitindo menor gravidade da variante ômicron.Após os intensos protestos do fim de semana em diversas metrópoles, a China deu nesta quinta-feira (01/12) indícios de que pode estar relaxando sua controversa estratégia de"covid zero".

É a maior onda de desobediência civil na China desde os atos pró-democracia em 1989
É a maior onda de desobediência civil na China desde os atos pró-democracia em 1989
Foto: DW / Deutsche Welle

A vice-primeira-ministra chinesa, Sun Chunlan, que supervisiona os esforços anticovid, disse que o vírus está se tornando menos agressivo.

"Com a patogenicidade decrescente da variante ômicron, o aumento da taxa de vacinação e a experiência acumulada de controle e prevenção de surtos, a contenção pandêmica da China enfrenta um novo estágio e missão", disse Sun.

Ela também pediu a "otimização" das políticas de teste, tratamento e quarentena.

As declarações de Sun assinalam um afastamento significativo da linha oficial da China de impor medidas draconianas de bloqueio, no momento em que outras grandes economias deixaram as restrições para trás.

Embora Sun não tenha mencionado os protestos do fim de semana, analistas acreditam que a mudança do posicionamento é indício de que o regime chinês está ouvindo o que dizem as pessoas nas ruas. Mesmo assim, protestos seguem sendo proibidos e duramente reprimidos, inclusive com a prisão de várias pessoas.

Na quarta-feira, a tropa de choque entrou em confronto com manifestantes na cidade de Cantão, enquanto seguiam os protestos.

Apesar da estratégia da "covid zero", a China registrava números recordes de casos de coronavírus diariamente quando os confrontos eclodiram em Xangai, Pequim e outras metrópoles, na maior onda de desobediência civil que a China já viu desde os atos pró-democracia em 1989.

Fim dos bloqueios

Nesta quinta-feira, 24 distritos de Xangai designados como de "alto risco" foram liberados das medidas de bloqueio, informou a mídia estatal. No dia anterior, 11 distritos de Cantão haviam sido liberados.

Zhengzhou, onde funcionários de uma fábrica fornecedora da Apple realizaram greves pedindo o fim dos bloqueios nas últimas semanas, também diminuiu as restrições. A mídia estatal também informou que Chongqing começará a suspender os bloqueios.

Na segunda-feira, o governo chinês, já havia anunciado não iria mais trancar os portões para bloquear o acesso a complexos residenciais onde forem detectados casos de coronavírus.

"As passagens devem permanecer abertas para casos de socorro médico, fugas de emergência e resgates", disse um funcionário da cidade, de acordo com a imprensa oficial.

A mudança de tom vem acompanhada de uma nova campanha de vacinação voltada para idosos, anunciada na terça-feira. Mais de 90% da população da China recebeu pelo menos duas doses de uma vacina, mas a taxa cai drasticamente entre os idosos, especialmente aqueles com mais de 80 anos. A China registrou 36.061 casos de coronavírus na quarta-feira, um pouco a menos que os 37.828 de terça-feira.

Até agora, o regime chinês vinha justificando as medidas extremas com o fato de a China ter uma grande população, níveis desiguais de desenvolvimento entre as regiões e "recursos médicos insuficientes".

Novas regras

Segundo apurou a agência de notícias Reuters, em um possível afrouxamento adicional das restrições, a China poderá em breve permitir que algumas pessoas com teste positivo fiquem em quarentena domiciliar - e não mais em centros designados -, como grávidas, idosos e pessoas com comorbidades. Os contatos próximos dos casos também poderiam se isolar em casa se o ambiente doméstico atender a certas condições, informou a Reuters.

As autoridades também intensificarão os testes de antígeno para o novo coronavírus e reduzirão a frequência de testes em massa e testes regulares de ácido nucleico, noticiou a agência.

"Acreditamos que as autoridades chinesas estão mudando para uma postura de 'viver com a covid', conforme refletido nas novas regras, que permitem que as pessoas façam 'isolamento doméstico' em vez de serem transportadas para instalações de quarentena", disseram à agência AFP analistas do think tank especializado em finanças ANZ Research.

Os protestos se intensificaram após a morte de 10 pessoas em um incêndio na quinta-feira em um edifício alvo de confinamento na cidade de Urumqi, capital da região chinesa de Xinjiang. Testemunhas dizem que os bloqueios dificultaram a chegada e o trabalho dos bombeiros. Além disso, vários moradores tiveram dificuldade em escapar devido às portas trancadas dos apartamentos, e alguns não deixaram suas casas por medo de violar o toque de recolher.

Política "covid zero"

Pela estratégia da "covid zero", a China impõe bloqueios de bairros ou cidades inteiras, a realização constante de testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos de coronavírus e seus contatos diretos em instalações designadas, muitas vezes em condições degradantes.

A reação contra as restrições é um revés para os esforços da China para conter o coronavírus, em um momento de números recordes de infectados no país.

Embora a política de "covid zero" tenha ajudado a manter o número oficial de mortos na China na casa dos milhares - contra, por exemplo, mais de um milhão nos Estados Unidos - ela custou o confinamento de muitos milhões de pessoas por longos períodos, trazendo grandes perturbações e danos à economia.

le (AFP, Reuters, Lusa, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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