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Em reunião, general Heleno fala em 'virar a mesa' da eleição e infiltrar Abin nas campanhas

Gravação foi encontrada pela Polícia Federal no computador de Mauro Cid

9 fev 2024 - 15h25
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O ex-ministro general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência defendeu em julho de 2022, que o governo "virasse a mesa" antes da eleição para garantir um segundo mandato político. A princípio, a fala ocorreu em reunião ministerial comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Defesa de ex
Defesa de ex
Foto: ministro alega que ele pode ser tratado como investigado - Marcelo Camargo/Agência Brasil / Perfil Brasil

"Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições", afirmou Augusto Heleno.

Reunião secreta

O general, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, disse ainda que era necessário "agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas". A gravação foi encontrada e apreendida pela Polícia Federal no computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Barbosa Cid.

Em seu discurso, Augusto Heleno acrescentou que pretendia infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas de Jair Bolsonaro (à reeleição) e de seu principal adversário, o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer", declarou o general.

"O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados...", prossegue Heleno, antes de ser interrompido por Bolsonaro.

O então presidente da República pede que Heleno interrompa a fala naquele momento. Além disso, ele afirma que, se houver preocupação com vazamentos, eles deveriam discutir o assunto em uma reunião privada, afastados dos demais ministros.

"General, eu peço que o senhor não fale por favor. Peço que o senhor não prossiga mais na sua observação, não prossiga na sua observação. Se a gente começar a falar 'não vazar', esquece. Pode vazar. Então a gente conversa particular na nossa sala sobre esse assunto", diz Bolsonaro.

Juntamente com Augusto Heleno, também estavam presentes os ministros Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira, o chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes e o ex-chefe da Casa Civil e futuro candidato a vice de Bolsonaro, Braga Netto.

General Heleno

Sobretudo, a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal resultou na operação Tempus Veritatis, que apura os criminosos que atuaram na tentativa de golpe de Estado. A medida foi deflagrada na última quinta-feira (8). 

Conforme o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao autorizar a operação, ele escreveu em sua resolução que a descrição da reunião "nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo".

Bem como, a Polícia Federal informou em nota que realizou um total de 33 mandados de busca e apreensão, quatro prisões preventivas e 48 medidas cautelares diferentes da prisão. A medida inclui a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.

  * Sob supervisão de Lilian Coelho

Perfil Brasil
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