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Empresariado se aproxima de Lula após ataques golpistas

11 jan 2023 - 10h58
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Atos de vandalismo em Brasília desqualificaram Bolsonaro como fonte de esperança. Empresários e investidores estão se acertando com Lula - mesmo que ainda não estejam entusiasmados com seus planos para a economia.No dia seguinte aos ataques golpistas em Brasília, imperava uma normalidade surpreendente no mercado financeiro brasileiro: tudo permanecia calmo. A Bolsa chegou a ter alta, não houve fuga de capital nem sinal de pânico - apesar de a democracia da maior economia da América Latina ter sido colocada em jogo no fim de semana.

"Atos golpistas em Brasília tiveram um efeito paradoxal"
"Atos golpistas em Brasília tiveram um efeito paradoxal"
Foto: DW / Deutsche Welle

Há duas explicações para a reação em grande parte neutra dos investidores: por um lado, eles avaliam como baixo o potencial de ameaça dos extremistas de direita. Após hesitação inicial, a polícia conseguiu expulsar os invasores rapidamente e sem grandes incidentes. O Judiciário reagiu de forma clara. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não hesitou em chamar à responsabilidade os militares e ministros envolvidos.

Por outro lado, as principais entidades brasileiras da indústria, bancos e corporações condenaram unanimemente os atos violentos em Brasília - embora alguns desses grupos tenham demonstrado grande simpatia por Bolsonaro no passado e não considerassem Lula o candidato dos sonhos.

Mesmo a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo, que normalmente se abstém de fazer qualquer declaração política, deixou isso claro no dia seguinte: "Como representantes oficiais da economia alemã no Brasil, entendemos que o diálogo e o desenvolvimento de negócios entre as duas nações só são possíveis enquanto prevalece a democracia, o respeito mútuo e a cooperação."

Se você conversar com empresários que votaram em Bolsonaro, notará que alguns deles mudaram de opinião: os violentos ataques em Brasília desqualificaram completamente Bolsonaro como fonte de esperança também para o empresariado. Depois do comportamento deplorável do ex-presidente após a derrota eleitoral, a questão sobre a entrega do cargo, e agora os atos golpistas, quase nenhum empresário ainda vê Bolsonaro com potencial para ser uma alternativa política futura.

Efeito paradoxal

Empresários e investidores estão se acertando com Lula - mesmo que ainda não estejam entusiasmados com seus planos para a economia. Eles continuam preocupados com os primeiros sinais do presidente no setor econômico. O ex-sindicalista quer usar os velhos e desgastados instrumentos da política econômica: o Estado estará no centro da economia. Os déficits fiscais crescentes devem ser financiados por meio de dívidas públicas. Em termos de política industrial, o governo quer reavivar indústrias como a do petróleo e do gás - o que já falhou antes e resultou em um escândalo de corrupção gigantesco.

Porém, pouco antes de tomar posse, Lula começou a acenar ao empresariado: após as primeiras reações negativas do mercado à nomeação do petista Fernando Haddad como ministro da Fazenda, ele colocou dois conservadores à frente das pastas do Planejamento e Orçamento e da Indústria e Comércio (Simone Tebet e o vice-presidente Geraldo Alckmin, respectivamente). Até o agronegócio, grande apoiador de Bolsonaro, também está satisfeito com Carlos Fávaro como ministro da Agricultura.

Os ataques ou atos de sabotagem a estações de transmissão da rede elétrica ou refinarias da Petrobras, supostamente perpetrados por partidários de Bolsonaro revoltados, só farão a economia se solidarizar ainda mais com o novo governo.

Resumindo: os atos golpistas em Brasília tiveram o efeito paradoxal de fazer com que os empresários comecem a se aproximar de Lula.

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Há 30 anos, o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul do jornal econômico Handelsblatt e do jornal Neue Zürcher Zeitung. Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em São Paulo e Salvador. É autor de vários livros sobre o Brasil.

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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