Empresário assassinado em Guarulhos denunciou extorsão de R$ 40 milhões por policiais do DHPP
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach relatou ter sido alvo de esquema de corrupção envolvendo policiais civis oito dias antes de
Oito dias antes de ser assassinado com 10 tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, denunciou um esquema de extorsão à Polícia Civil de São Paulo. Segundo registros obtidos pela Rede Globo, Gritzbach relatou em 31 de outubro que um delegado e um investigador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) exigiram R$ 40 milhões para remover seu nome de um inquérito que investigava o assassinato de dois membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), ocorridos em 2021.
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As vítimas mencionadas foram Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como 'Cara Preta', um influente narcotraficante do PCC, e seu motorista Antônio Corona Neto, apelidado de 'Sem Sangue'.
Ambos foram mortos a tiros em 27 de dezembro de 2021, no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. Gritzbach, acusado de ser o mandante dos assassinatos, afirmou que os policiais chegaram a receber um pagamento inicial de R$ 1 milhão, entregue pelo proprietário de uma loja de automóveis da região do Jardim Anália Franco. Ele detalhou que os policiais teriam ido pessoalmente recolher o dinheiro.
Em seu depoimento, o empresário ainda contou que, após as mortes de Cara Preta e Sem Sangue, foi sequestrado por membros do "tribunal do crime" do PCC e levado a um cativeiro. Entre os sequestradores estavam agenciadores de jogadores de futebol, incluindo Rafael Maeda Pires, conhecido como 'Japa'.
Gritzbach revelou que o sequestro foi objeto de uma investigação do próprio DHPP, que acabou arquivada após um pagamento de R$ 10 milhões pela organização criminosa aos policiais para evitar prisões.
A denúncia também incluiu detalhes sobre a lavagem de dinheiro, com os policiais abrindo empresas para disfarçar o suborno. Além disso, Gritzbach mencionou que Japa, proprietário de um banco digital, tinha como sócios Cara Preta e um policial civil do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Em maio de 2023, Japa foi encontrado morto com um tiro na cabeça no subsolo de um prédio no Tatuapé.
Gritzbach também alegou ter tido uma valise contendo 20 relógios de luxo apreendida pelos policiais do DHPP durante sua prisão. Os itens, que incluíam modelos de marcas como Rolex e Hublot, não foram totalmente devolvidos — apenas 13 voltaram para suas mãos, enquanto sete, avaliados em R$ 714 mil, permaneceram com os policiais.
Em redes sociais, Gritzbach afirmou ter visto um dos investigadores usando um dos relógios de maior valor, um Rolex Yacht Master de ouro, avaliado em R$ 200 mil. Ambos os policiais mencionados por Gritzbach foram presos em setembro, acusados de aceitar R$ 800 mil de um traficante para encerrar uma investigação sobre tráfico internacional de drogas.
A Secretaria de Segurança Pública informou que os policiais do DHPP mencionados na delação foram afastados de suas funções.