O empresário Antônio Ermírio de Moraes, proprietário da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que produz cerca de 240 mil toneladas de alumínio por ano, não está disposto a reduzir a produção para vender energia elétrica no Mercado Atacadista de Energia (MAE). A posição do empresário está sendo defendida na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Ele participa de uma sessão de debates com o secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia, Afonso Henriques. "Me recuso peremptoriamente a vender energia para o MAE, não passa de mais uma roleta como o sistema financeiro", afirmou Antônio Ermírio.
Para ele, nem mesmo o lucro de vender energia lhe interessa. O que ele quer é manter sua produção e os quatro mil empregos diretos que gera na fábrica da CBA, no município de Alumínio, em São Paulo. A empresa de Antônio Ermírio tem 11 usinas hidrelétricas, que geram aproximadamente 3,6 bilhões de kWh ao ano, energia consumida em sua maior parte pela CBA. Antônio Ermírio acredita que a melhor posição do governo agora seria estimular a produção de energia elétrica à base de gás, apoiando para isso a produção de turbinas a gás no Brasil.
Antônio Ermírio e Henriques participam do debate para instruir o projeto do senador Roberto Freire (PPS-PE), que prevê a retirada do setor elétrico do Programa Nacional de Desestatização.
Mais racionamento - O empresário também afirmou que acredita que o apagão vai até 2002 ou 2003. Para ele, a solução para o problema está na construção de termelétricas.
O empresário mostrou ainda um estudo da Eletrobrás, de 1994, que indica que até 2003 o Brasil deveria aumentar a sua oferta de energia elétrica a uma taxa de 5% ao ano. "Não é possível o governo dizer que não sabia do problema", disse.