A expectativa de geração de novos postos de trabalho no segundo semestre pela indústria paulista não é nada favorável. Segundo a diretora de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Clarice Messer, por conta de uma conjunção de fatores negativos, o nível de emprego poderá sofrer uma retração a partir deste mês. Ela citou como exemplos o racionamento de energia elétrica, a alta dos juros e do dólar e, em conseqüência, a diminuição da demanda interna. "Não havendo mudanças no quadro atual, é líquido e certo que a indústria vai perder postos de trabalho", sentenciou.
Clarice explicou que no caso do racionamento, as cotas de redução de consumo de energia elétrica para a indústria, entre 15% e 25%, ficarão ainda mais pesadas no segundo semestre, período em que a produção na indústria paulista tende a ser mais forte. "Essa cota efetiva, que não tem como se adaptar à produção, vai ficar mais dura no segundo semestre", afirmou.
Além disso, outro dado que pode influenciar a retração do nível de emprego na indústria é o pagamento da correção do FGTS dos planos Collor I e Verão, que prevê uma elevação na folha de pagamento das empresas.
"A decisão passa a vigorar em 30 de setembro. E muitos empregadores poderão optar por demitir seus funcionários antes deste período para ter que não arcar com custos adicionais na folha de pagamento", disse.
Segundo lei sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, os empresários terão que pagar uma contribuição adicional de 0,5% sobre a folha salarial (que passa de 8% para 8,5%) e mais 10% referente a multa por conta da demissão (que passa de 40% para 50%).