O presidente Fernando Henrique Cardoso saiu ileso do relatório divulgado hoje pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Jerson Kelman. O documento indica as razões que levaram ao racionamento de energia elétrica e afirma que estavam cientes da crise apenas a Eletrobrás, o ONS, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o Ministério das Minas e Energia, que na época, era dirigido pelo ministro Rodolpho Tourinho.Segundo o documento, o alto escalão não teria sido informado adequadamente sobre a gravidade do problema, apesar de setores do governo saberem do problema desde 99. "Não teria sido devidamente sinalizado ao presidente da República a possibilidade de um racionamento profundo, como o que o país atualmente enfrenta", diz o relatório.
O documento ainda alega que o Ministério das Minas e Energia afastou a possibilidade de racionamento, considerando a implantação do Programa Prioritário de Termelétricas (PPT) e a manutenção de um nível satisfatório das barragens. As condições previstas pelo ministério, no entanto, não se verificaram nos anos seguintes, já que as usinas termelétricas previstas não teriam sido construídas.
O estudo também acusa o ministério de não ter feito um Plano B, para o caso de não instalação das térmicas. "A ausência de um plano alternativo, sobre o que fazer em situações hidrológicas adversas, contribuiu para o adiamento e a lentidão de decisões, agravando a profundidade do racionamento", conclui o documento.
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