Mário Covas Júnior nasceu em
Santos, no litoral paulista, em 21 de abril de 1930. A
cidade lhe deu o apelido de Zuza, como foi sempre
conhecido pelos íntimos, e a paixão pelo futebol e pelo
Santos Futebol Clube. Covas completaria 71 anos no mês
que vem. Quarenta deles foram dedicados à política. Zuza
veio para São Paulo na década de 50 para estudar na
Escola Politécnica, no curso de Engenharia da USP, onde
era conhecido como um dos grandes craques de futebol. No
ano em que se formou, 1955, chegou a integrar a seleção
da faculdade.
O amor pela política começou na própria Poli, onde
foi eleito diretor de esportes. Covas participou
ativamente de movimentos estudantis e uma de suas
maiores inimizades políticas começou na própria
faculdade, com Paulo Maluf, também politécnico. Em um de
seus polêmicos textos nos jornais da Poli, Covas
criticou a faculdade. "O desejo de formar-se engenheiro
foi suplantado pela vontade superior, ditada pelas
contingências do curso, de sair da escola o mais
rapidamente possível", escreveu, demonstrando o traço
determinado que marcou sua vida pública.
Namoro de infância - Polêmico como político,
Covas foi bastante tradicional em sua vida pessoal.
Seguiu o mesmo caminho da maioria de seus colegas e se
casou a namorada de infância, antes mesmo de se formar.
A Escola Politécnica não era exatamente um bom lugar
para se arrumar namoradas: entre os 154 formandos da
turma de Covas, havia apenas três mulheres. Covas e Lila
namoravam desde os 15 anos, em Santos, e subiram ao
altar em 1954.
Mário e Lila tiveram três filhos: Renata, Sílvia e
Mário Covas Neto, o Zuzinha. Sílvia morreu aos 19 anos
em um acidente de automóvel. A tragédia, ocorrida em
1976, marcou profundamente a família e foi descrita por
Covas como a pior coisa que havia acontecido em sua
vida. Como o acidente aconteceu no dia 1º de janeiro, a
família nunca mais comemorou o réveillon.
Renata, hoje com 45 anos, e Zuzinha, 41, deram a
Covas quatro netos. O avô prometeu uma aposentadoria
política para se dedicar mais à família e aos netos: em
setembro do ano passado, Covas disse não se candidataria
mais. "Quero ter chance de ver de perto seus bisnetos
crescerem, já que perdi a infância dos filhos e netos
por causa da política", disse Covas.
Polêmico e transparente - Uma das marcas do
governador era ser amado e odiado praticamente com a
mesma intensidade. Em 1999, Covas ganhou destaque na
imprensa ao enfrentar diretamente professores grevistas
que bloqueavam a entrada da Secretaria Estadual de
Educação. Na mesma época, bateu boca com estudantes que
atiravam ovos contra ele e seus assessores. A atitude
dividiu opiniões. Mas Covas, sem fazer jus à fama de
indeciso dos tucanos da política, mais uma vez marcou
posição.
Covas sempre preservou sua privacidade, mas nunca
escondeu suas doenças, ao contrário de políticos como
Tancredo Neves e Petrônio Portella. Com dois enfartes e
a descoberta do câncer em 1998, Covas mostrou sempre
dignidade e transparência na luta contra a doença e
evitou ao máximo se licenciar do cargo de governador
durante os tratamentos. Mesmo quando foi descoberto, em
15 de janeiro, um novo foco de câncer, em sua meninge,
Covas relutou por quase uma semana em se afastar do
governo para dar seqüência ao tratamento e, mesmo já
licenciado, manteve, por vezes, agendas mais cheias que
a do próprio governador em exercício, Geraldo Alckmin.
Covas inaugurou obras, sobrevoou rodovias e visitou
áreas carentes do Estado, recebendo sempre o apoio da
população.
Internado durante o Carnaval por causa do agravamento
da doença e de infecções, Covas lutou contra o câncer e
emocionou até mesmo médicos, que em entrevistas sempre
elogiaram a força e a vontade de viver do governador. Um
dia antes de morrer, Covas teria feito recomendações a
Alckmin sobre o governo de São Paulo.