Proposta de reforma da lei do aborto é rejeitada na Irlanda
Quinta-feira, 07 de março de 2002
A complexa proposta do Governo conservador da Irlanda para regular a lei do aborto foi rejeitada ontem em um plebiscito popular. O primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, reconheceu a derrota antes do anúncio oficial dos resultados finais. "O povo falou. Estou decepcionado, mas acho que este Governo lidou com este assunto de forma honesta", disse Ahern.
Os irlandeses não apoiaram o projeto apresentado pelo governo e Igreja Católica que pretendia tornar a legislação do país sobre o assunto ainda mais rigorosa. O plebiscito pretendia acabar com uma brecha deixada em 1992 por uma decisão judicial que alegou que a probabilidade de suicídio da mãe deve ser considerada uma justificativa para a realização do aborto.
Conforme autoridades de Dublin, o comparecimento a votação na capital ficou entre 17 e 18%. Cerca de 2,8 milhões dos 3,8 milhões de irlandeses estavam aptos a votar, mas as informações contraditórias sobre o assunto afugentaram os eleitores. No país de maioria católica, a Igreja vinha pedindo a seus fiéis para votarem "sim", a classe médica estava dividida e até mesmo os grupos pró-vida não chegaram a um consenso sobre o assunto.
A Irlanda proíbe a interrupção da gravidez, com a exceção de casos extremos de risco a saúde da mãe. O assunto gera polêmica porque cerca de 7 mil irlandesas viajam para a Inglaterra por ano para fazer abortos. O plebiscito sobre a questão é o quinto realizado em duas décadas no país.
Redação Terra
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