O propalado discurso de renúncia do senador Antonio Carlos Magalhães, que prometia pompa e denúncias de peso contra figuras ilustres do governo Fernando Henrique foi, na verdade, um festival de agressões, umas mais implícitas que outras, a seus desafetos políticos. ACM disparou para todos os lados e prometeu voltar à vida política através dos braços da Bahia.
Nem mesmo os pedidos de seus correligionários foram ouvidos na despedida de ACM do Senado. O coronel baiano atacou duramente o presidente Fernando Henrique, a quem chamou de omisso e vaidoso, porém capaz. Antonio Carlos pediu a FHC que deixe de se considerar uma "entidade superior. Onipotente, onipresente, abstrato". "Não quero que pensem que tenho ódio do presidente. Devia até querer. Fui seu aliado, agora sou vítima".
Para ACM, o rumo do governo – impregnado pela corrupção e impunidade – é o abismo. "Estou satisfeito de não participar desse fim melancólico", alfinetou. "Promovo, contra a vontade de altas figuras da República, a mais ampla e importante cruzada de que se tem notícia em toda a história do Brasil, contra a corrupção e os corruptos. E, no entanto, sou obrigado a deixar o parlamento, sob a absurda acusação de quebra de decoro parlamentar". "A quem interessa silenciar neste momento a minha voz?"
Os inimigos receberam as farpas da tribuna. De forma teatral, ele chamou Pedro Simon (PMDB-RS) de "ridículo". O presidente do Conselho de Ética, Ramez Tebet (PMDB-MS) mereceu alcunha de "rábula do Pantanal". Saturnino Braga (PSB-RJ) também recebeu sua estocada pessoal. ACM lembrou que ele foi eleito o pior prefeito do país, quando esteve à frente da prefeitura do Rio de Janeiro.
ACM disse que seus algozes serão julgados pelo eleitorado. "Deixo-os, aos que, certamente, já terão suas máscaras caídas ao chão perante o eleitorado de seus estados, e aqui não pisarão mais, para gáudio daqueles que honraram e ainda honram a história do nosso parlamento". "Mandatos se recuperam nas urnas e é isso que irei fazer". "Embora sem mandato, sinto-me mais livre do que nunca para trabalhar pelo que me interessa: o Brasil e a Bahia. Não pensem que estão decidindo o meu destino. Quem decide meu destino é a Bahia".
Redação Terra
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