Review: Zegna Triple Stitch Secondskin é como calçar nuvens
Zegna Triple Stitch Secondskin é feito com um couro especial de apenas 0,8 milímetros de espessura que dá muito conforto aos pés
Marcas de luxo, via de regra, se sustentam em três pilares. Uma imagem forte e sofisticada, uma cartela de clientes bem-sucedidos que replicam essa imagem forte e sofisticada e um produto de qualidade percebida muito superior ao similar de empresas mais generalistas. O tênis Zegna Triple Stitch Secondskin, vendido no Brasil por R$ 9.900, obviamente, caminha por estes três pilares, mas é no último citado, o da qualidade, que ele salta aos olhos logo em um primeiro contato.
Desde que comecei a colecionar tênis em 2005 eu não havia tocado em um couro com tamanha excelência. Mas este impacto é proposital e deriva da tradição secular artesanal da Zegna, fundada em 1910, com muitas pitadas de inovação. A ideia por trás do Triple Stitch Secondskin, e que dá o seu nome, é que o tênis funcionasse quase que literalmente como uma segunda pele por cima dos pés. Para isso, a marca decidiu usar couro de luvas para criá-lo.
Como é possível imaginar, não é nada fácil estruturar um calçado a partir de um couro fino. Mas o Triple Stitch Secondskin não tem apenas um couro fino, ele é finíssimo, com espessura de apenas 0,8 milímetros. O que também deixou o tênis extremamente leve, com somente 342 gramas, quase todas localizadas na sola. Além disso, esse couro ainda é resistente a vincos e dobras, o que no uso se provou uma habilidade importante, pois mantém intacta a textura do couro, que é um dos pontos fortes visuais do produto.
Tantas características notáveis não sairiam de um couro qualquer. O do Triple Stitch Secondskin vem da pele fina de bezerros da Nova Zelândia, que seguem para uma técnica de curtimento de couro de ovelha, que o deixa ainda mais macio e resistente. Realmente impressiona a forma como o tênis abraça o pé com tanta delicadeza e sem em nenhum momento parecer frágil.
Na parte da frente do sneaker, no toebox, o couro é um pouco mais estruturado para dar mais estabilidade ao cabedal, mas esta mesma parte do couro vai ganhando textura e maciez progressiva até chegar quase no fim da língua, em uma operação com tantas nuances em uma peça que só mesmo uma produção artesanal poderia garantir. O topo da língua é feito com um outro pedaço costurado de couro ainda mais macio. O restante da estruturação é garantida por três pares de elásticos em X que fazem a vez do cadarço. Deixando o calçamento prático e rápido para executivos que dão valor a cada segundo de seu tempo.
Outra parte de estrutura vai na sola. O modelo tem uma palmilha do tipo Strobel, mais dura, que é costurada junto à entressola e tem como objetivo não deixar que o tênis abra. Ela sozinha, com a entressola e sola de borracha, deixaria o tênis menos confortável. Por isso a Zegna colocou uma outra palmilha retrátil, sanitizada, com revestimento de couro e EVA de amortecimento no calcanhar para resolver a questão. Mesmo após mais de 8 horas de uso direto, durante a avaliação, o Triple Stitch Secondskin não cansou o pé. Muito pelo contrário, ele é tão macio e leve que a gente até esquece que está calçado.
Processo artesanal é feito na Itália
Por fim, um aspecto interessante sobre o Secondskin é que sua aparência minimalista totalmente focada em qualidade esconde um trabalho duro feito em sua fábrica na Itália. No total, 68 componentes são usados em cada tênis, montados por 13 artesãos responsáveis por cada par e cada especificidade do modelo. Totalmente inserido no conceito de Luxury Leisurewear da Zegna.