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"Estamos em guerra", diz presidente do Chile após protestos

21 out 2019 - 07h53
(atualizado às 08h53)
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Manifestações contra aumento da passagem de metrô trouxeram à tona insatistação com descasos do governo</p><p>
Manifestações contra aumento da passagem de metrô trouxeram à tona insatistação com descasos do governo
Foto: DW / Deutsche Welle

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse que seu país está em estado de guerra após três dias de manifestações violentas, saques e distúrbios que deixaram dez mortos e quase 1,5 mil pessoas presas. O país vive a maior onda de protestos em décadas, que se concentram em Santiago e ocorrem também em outras cidades. Foi declarado estado de emergência na capital e em nove das 16 regiões chilenas.

Os manifestantes começaram a ir às ruas contra o aumento da passagem de metrô, de um valor equivalente a US$ 1,12 para US$ 1,16. O governo suspendeu a medida, mas isso não foi suficiente para arrefecer os protestos, que ganharam novas demandas.

Após o estopim inicial, vieram à tona várias reivindicações que revelam o descontentamento de parte significativa da população com o que muitos consideram descaso do governo.

"Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita ninguém e está disposto a usar a violência e a delinquência sem limite algum", disse o presidente na noite deste domingo (20/10), após se reunir com o general do Exército Javier Iturriaga, encarregado da ordem e da segurança em Santiago.

"Não será fácil, mas vamos ganhar essa batalha", afirmou Piñera na guarnição militar de onde monitorava a situação junto a outras autoridades. Ele prometeu que seu governo fará tudo que estiver a seu alcance para que as pessoas possam retomar suas vidas normais.

Chile em 'estado de emergência':

"Destruíram o metrô, que é vital para as pessoas", declarou o presidente. "Se concentraram em destruir supermercados para privar as pessoas do direito de se abastecerem. Tentaram queimar hospitais." Ele assegurou que o governo trabalha para garantir o abastecimento e a abertura do comércio, escolas e jardins de infância.

As 27 estações de metrô da linha 1, uma das sete que formam a rede de metrô da cidade, foram reabertas nesta segunda-feira. Desde o início dos protestos, 78 estações e vários vagões sofreram danos contabilizados em mais de 300 milhões de dólares pela empresa estatal que administra a rede de transportes. No aeroporto da capital, centenas de voos foram cancelados.

"Este é um problema entre os que querem liberdade, democracia e viver em paz e os que querem destruir nosso país, e vamos ganhar essa batalha", reiterou o presidente.

No domingo, Santiago amanheceu amplamente patrulhada pelas Forças Armadas, uma aposta do governo Piñera para conter as manifestações. É a primeira vez que a capital é patrulhada por soldados desde o fim da ditadura do general Augusto Pinochet, em 1990.

A cidade e outras regiões do país, como Valparaíso (centro) e Concepción (sul), estão sob toque de recolher, após o governo ter decretado estado de emergência. Segundo Piñera, cerca de 9.500 militares e policiais fazem patrulha em Santiago e outras nove regiões.

Há apenas poucos dias esta era uma situação inimaginável no Chile, inclusive com o presidente tendo afirmado recentemente que seu país era um "oásis de estabilidade" na região.

As manifestações ganharam corpo nas redes sociais com frases como "chega de abusos" e a hashtag #ChileDespertó. Muitas pessoas reclamam que o acesso à saúde e à educação está na mão de empresas privadas, em meio a uma forte desigualdade social, redução nas aposentadorias e aumento nos custos dos serviços essenciais. Os estudantes convocaram novas manifestações para esta segunda-feira.

Os protestos ocorrem pouco antes de alguns eventos internacionais de grande porte marcados para ocorrer no país. Em meados de novembro, a capital receberá a reunião de líderes do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico (Apec) e, em dezembro, a Conferência do Clima da ONU, a COP 25.

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