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EUA impõem maior pacote de sanções contra petróleo russo desde 2022

10 jan 2025 - 20h11
(atualizado às 21h11)
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Administração Biden amplia veto contra empresas de energia e navios que compõem "frota fantasma", usados para transportar petróleo russo.A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, impôs nesta sexta-feira (10/01) o maior pacote de sanções contra o setor energético da Rússia desde que o país invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.

O objetivo americano é atingir as receitas de petróleo e gás do presidente russo Vladimir Putin, como parte de um esforço para dar a Kiev e à equipe de transição do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, maior poder de negociação para alcançar um acordo de paz na Ucrânia.

Daleep Singh, principal conselheiro econômico e de segurança nacional da Casa Branca, disse em um comunicado que as medidas eram as "sanções mais significativas até agora sobre o setor energético da Rússia, de longe a maior fonte de receita para a guerra do presidente Putin".

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou em uma postagem na rede social X que as medidas anunciadas na sexta-feira "desferem um golpe significativo" contra Moscou. "Quanto menos receita a Rússia ganhar com o petróleo... mais rápido a paz será restaurada", disse Zelensky.

Empresas de petróleo e "frota fantasma"

As sanções incidem principalmente sobre as companhias russas Gazprom Neft e Surgutneftegas, que exploram, produzem e vendem petróleo, além de 183 navios que transportam o petróleo russo. Os EUA acreditam que estas embarcações compõem a chamada "frota fantasma"de navios petroleiros envelhecidos, operados por empresas não ocidentais, que contornam sanções para transportar o óleo da Rússia.

Muitos desses petroleiros foram usados para transportar petróleo para a Índia e a China, uma vez que o teto de preços imposto pelos países do G7 em 2022 deslocou o comércio de petróleo russo da Europa para a Ásia. Estes navios são alvo cada vez mais frequente de operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Mar Báltico.

O Tesouro dos EUA também revogou uma disposição que permitia bancos russos intermediarem alguns pagamentos vinculados a empresas de energia. Além disso, as medidas visam projetos e infraestrutura específicos para gás natural liquefeito, bem como subcontratados, prestadores de serviços, comerciantes e seguradoras marítimas, informou o Departamento do Tesouro.

No total, 400 pessoas e entidades foram afetadas. As sanções devem custar à Rússia bilhões de dólares por mês, se forem devidamente aplicadas, disse outro oficial dos EUA a repórteres em uma ligação.

"Não há nenhum passo na cadeia de produção e distribuição que não esteja atingido, e isso nos dá maior confiança de que a evasão será ainda mais cara para a Rússia", afirmou.

Rússia diz que vai combater sanções

O Reino Unido também impôs novas sanções às mesmas empresas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Gazprom Neft e Surgutneftegas produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, o que corresponde a um valor de cerca de 23 bilhões de dólares (R$ 140,2 bilhões) por ano.

A Gazprom Neft afirmou que as sanções são injustificadas e ilegítimas e que continuará operando. A empresa já foi afetada após a Ucrânia impedir a passagem de gás russo em seu território em 1º de janeiro deste ano.

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia está preparada para combater as sanções, e que o governo Biden está tentando deixar para o futuro presidente dos EUA, Donald Trump, o "o pior legado possível".

EUA aposta em substituição da oferta

As medidas permitem um período de transição até 12 de março para que as entidades sancionadas concluam as transações de energia correntes.

Ainda assim, fontes do comércio de petróleo russo e de refinarias indianas afirmaram que as sanções causarão graves distúrbios nas exportações de petróleo da Rússia para seus principais compradores: Índia e China. Os preços globais do petróleo subiram mais de 3% antes do anúncio do Tesouro.

Geoffrey Pyatt, secretário-assistente de recursos energéticos do Departamento de Estado dos EUA, afirmou que novos volumes de petróleo esperados para este ano dos EUA, Guiana, Canadá, Brasil e possivelmente do Oriente Médio substituirão qualquer oferta perdida da Rússia.

"Não nos vemos mais constrangidos pela oferta apertada nos mercados globais da mesma forma que estávamos quando o mecanismo de teto de preços foi lançado", disse Pyatt à agência de notícias Reuters.

As sanções fazem parte de um esforço mais amplo para encerrar a guerra. A administração Biden forneceu à Ucrânia 64 bilhões de dólares (R$ 390 bilhões) em ajuda militar desde a invasão.

A medida de sexta-feira seguiu as sanções dos EUA de novembro contra bancos, incluindo o Gazprombank, o maior canal da Rússia para o comércio global de energia. Os EUA avaliam que a medida de novembro ajudou a levar o rublo russo ao seu nível mais fraco desde o início da invasão e forçou o banco central da Rússia a aumentar sua taxa de juros a um nível recorde de mais de 20%.

"Esperamos que nosso alvo direto no setor de energia agrave essas pressões sobre a economia russa, que já elevaram a inflação para quase 10% e reforcem uma perspectiva econômica sombria para 2025 e além", disse um dos oficiais.

Revogação das sanções depende do Congresso

Um dos oficiais de Biden afirmou que cabe "inteiramente" ao presidente eleito Donald Trump, um republicano, decidir quando e sob quais condições ele pode revogar as sanções impostas durante a era Biden.

Mas, para fazer isso, Trump depende de uma votação no Congresso. Muitos parlamentares republicanos, porém, endossaram as sanções de Biden.

"A equipe de Trump não pode simplesmente entrar e revogar tudo o que Biden acabou de fazer. O Congresso teria que estar envolvido", disse Jeremy Paner, sócio do escritório de advocacia Hughes Hubbard & Reed.

O retorno de Trump gerou esperança de uma resolução diplomática para encerrar a invasão de Moscou, mas também trouxe temores em Kiev de que uma paz rápida pudesse ter um alto custo para a Ucrânia.

Assessores de Trump levantaram propostas, por exemplo, que efetivamente cederiam grandes partes da Ucrânia à Rússia no futuro previsível.

gq (Reuters, DPA)

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