EUA impõem sanções a sauditas após morte de jornalista
Trump diz que execução foi um "fiasco total" e um dos piores casos de acobertamento da história
Os Estados Unidos anunciaram a adoção de medidas punitivas contra autoridades sauditas após a morte do jornalista Jamal Khashoggi, crítico da monarquia do país. O presidente americano, Donald Trump, classificou o ocorrido de um dos piores casos de acobertamento de que se tem notícia.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou que o governo americano revogou os vistos de entrada no país de algumas das autoridades sauditas supostamente envolvidas na morte de Kashoggi, ocorrida em 2 de outubro.
As informações sobre os vistos são consideradas confidenciais, motivo pelo qual Pompeo não revelou inicialmente os nomes ou a quantidade de pessoas atingidas pela medida. Mais tarde, porém, o Departamento de Estado afirmou que 21 sauditas tiveram seus vistos revogados ou seriam declarados inaptos para entrar no território americano.
Khashoggi, que morava nos Estados Unidos e era colaborador do jornal The Washington Post, foi dado como desaparecido após ser visto pela última vez entrando no consulado de seu país em Istambul, na Turquia. As suspeitas imediatamente recaíram sobre um grupo de agentes sauditas que viajara à metrópole turca no dia do desaparecimento do jornalista, supostamente, a mando de Riad.
Após dias de especulações, o governo saudita admitiu que Khashoggi fora morto no local após uma luta corporal, mas não forneceu maiores informações sobre o ocorrido. As autoridades negaram que o príncipe herdeiro, Mohammed Bin Salman, que assumiu recentemente as funções da chefia de governo no país, estivesse por trás ou sequer tivesse conhecimento da morte.
Trump comentou as circunstâncias da morte e Khashoggi, afirmando que o "conceito original" dos sauditas para executar o jornalista foi muito ruim. "Foi mal executado, e o acobertamento foi um dos piores na história dos acobertamentos. Alguém realmente estragou tudo, e eles fizeram o pior acobertamento já feito. Foi um fiasco total", disse.
Mesmo após a divulgação de detalhes da morte de Khashoggi, que segundo autoridades turcas teria sido esquartejado pelos agentes sauditas ainda no consulado, Trump vem ignorando os apelos para suspender vendas de armamentos para o governo saudita e reluta em tecer maiores críticas às autoridades do país. Ele considera os sauditas aliados essenciais para garantir seus interesses no Oriente Médio.
Pompeo disse que a revogação dos vistos de autoridades sauditas foi apenas um primeiro passo. "Essas penalidades não serão nossas últimas palavras sobre esse assunto", afirmou, acrescentando que Washington "continuará a fazer com que os envolvidos sejam responsabilizados".
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta terça-feira que a morte de Khashoggi foi um assassinato político. Ele disse haver fortes indícios de que a ação foi planejada dias antes por autoridades sauditas na própria legação diplomática na metrópole turca.