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Política

"Ele tem que explicar", diz Bolsonaro sobre ex-assessor

Coaf investiga movimentação financeira que envolve Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz

9 dez 2018 - 14h08
(atualizado às 15h16)
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O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou neste domingo que Fabrício Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro, é quem dará as explicações sobre os depósitos que foram feitos em sua conta. Disse, ainda, que não conversou com o ex-assessor do filho sobre o caso. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária do ex-motorista de Flávio, como revelou o "Estado". Houve depósitos feitos, inclusive, por outros assessores do gabinete.

"Um dos assessores repassou R$ 800 (ao Queiroz). Outro R$ 1.500. Duas passaram valor idêntico, não sei nem o que é isso, R$ 2.300. Os três repasses... Repasses não, os depósitos mais altos foram as filhas e as esposas (que fizeram)", afirmou Bolsonaro aos jornalistas na porta de sua casa, no Rio.

Presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante entrevista após participar da Cerimônia na Escola Naval do Rio de Janeiro, no sábado (08/12/2018)
Presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante entrevista após participar da Cerimônia na Escola Naval do Rio de Janeiro, no sábado (08/12/2018)
Foto: FÁBIO MOTTA / Estadão

O Coaf indicou que a conta de Queiroz recebeu diversos depósitos, incompatíveis, a princípio, com sua renda. Um cheque de R$ 24 mil foi emitido por Queiroz para Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama.

Ao ser questionado se enxergava com "naturalidade" os depósitos feitos na conta de Queiroz, o futuro presidente disse que o ex-assessor é quem tem as respostas. "Ele tem que explicar. Pode ser e pode não ser", disse Bolsonaro, sem especificar se estava se referindo a alguma irregularidade específica.

"Das três pessoas que repassaram mais de R$ 4 mil ao longo de um ano, duas eram filhas e uma, esposa. Um repassou R$ 800. Não repassou, botou na conta dele. R$ 800 reais é repasse ao longo de um ano? Pelo amor de Deus", afirmou aos jornalistas ao retornar de um breve passeio, no qual sacou dinheiro numa agência bancária e parou num quiosque na beira da praia.

Briga

Bolsonaro comentou ainda a disputa entre parlamentares do PSL que se tornou pública nos últimos dias. Segundo ele, trata-se de algo pontual dentro da bancada, que deve ser a segunda maior da Câmara, atrás apenas do PT. "Tem três ou quatro deputados que estão se digladiando. O resto, 90%, sem problemas", afirmou.

Mensagens de WhatsApp expuseram desavenças entre seu filho, Eduardo Bolsonaro, que foi reeleito deputado federal, o futuro senador Major Olímpio e a deputada eleita Joice Hasselmann.

Bolsonaro afirmou também que deve adiar sua cirurgia, que estava prevista para o dia 19 de janeiro. Isso porque ele pretende comparecer ao Fórum de Davos, que vai ocorrer entre os dias 22 e 25 de janeiro.

Não há ainda nova data definida. Segundo o futuro presidente, o assunto será discutido na próxima quinta-feira com seus médicos em São Paulo. "Vamos estudar uma nova data. Precisamos de um calendário", disse.

Medidas

Na avaliação de Bolsonaro, a transição está indo bem e os grupos temáticos que trabalham em Brasília estão tendo independência para atuar. "Política tem novidade a todo instante. A gente tenta apagar fogo", afirmou, referindo-se às primeiras articulações de seu grupo político em Brasília.

Sobre medidas a serem anunciadas, ele voltou a falar no sistema eleitoral, bandeira levantada por ele durante a campanha. "Não é mudança no sistema eleitoral. Queremos um sistema de votação que possa ser auditado. (Vamos enviar) Um projeto de lei modificando um pouquinho", afirmou.

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Estadão
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