Ex-guarda da embaixada britânica em Berlim é condenado por espionagem
Ex-segurança da embaixada do Reino Unido em Berlim cumprirá pena de mais de 13 anos de prisão por repassar documentos confidenciais à Rússia, inclusive relacionados ao ex-primeiro ministro Boris Johnson.Um ex-segurança da embaixada britânica em Berlim foi condenado nesta sexta-feira (17/02) por um tribunal de Londres a 13 anos e dois meses de prisão por espionagem para a Rússia.
David Ballantyne Smith, de 58 anos, natural da Escócia, já havia se declarado culpado de oito crimes sob a Lei de Segredos Oficiais do Reino Unido depois de ser pego numa operação policial, em agosto de 2021. Ele foi flagrado repassando documentos com informações classificadas como sensíveis para a embaixada russa em Berlim e fez vários vídeos no edifício.
As autoridades britânicas e alemãs iniciaram uma investigação após interceptarem uma carta que Smith enviou em 2020 a um membro do departamento militar na embaixada russa em Berlim, contendo dados pessoais dos funcionários da embaixada britânica. Uma operação policial foi montada para apanhar o segurança em flagrante, na qual dois agentes se passaram por cidadãos russos.
Smith trabalhou na embaixada por cinco anos e admitiu ter passado informações ao major-general Sergey Chukhrov, adido militar russo em Berlim.
Sentimentos "antibritânicos"
Ao proferir a sentença, o juiz Mark Wall disse que Smith "desenvolveu sentimentos antibritânicos e antiocidentais" durante seu emprego, e que seus colegas de trabalho "tinham a impressão" de que ele "era mais simpático à Rússia" e ao presidente russo, Vladimir Putin.
Declarações de apoio a Putin e outros itens relacionados com a Rússia foram encontrados no apartamento do ex-segurança, incluindo uma figura em tamanho real de um cão Rottweiler com um chapéu militar russo. Uma caricatura de Putin segurando a cabeça da ex-chanceler federal alemã Angela Merkel também foi achada em seu armário no local de trabalho.
Durante o julgamento, foi revelado que Smith coletou informações altamente confidenciais, incluindo comunicações secretas do governo, incluindo do ex-primeiro-ministro Boris Johnson.
Wall descreveu como Smith entrava nos escritórios da embaixada à noite, quando ela estava vazia, e tirava fotos de documentos marcados como "secretos".
"Tapa na cara da embaixada"
O juiz já rejeitara as alegações de Smith de que houvesse passado dados apenas duas vezes, a fim de causar "constrangimento" ao Reino Unido. O veterano militar "foi motivado por sua antipatia em relação ao Reino Unido e pretendia prejudicar os interesses do país agindo como agiu", disse o juiz no julgamento.
No início da semana, Smith disse ao tribunal que começou a coletar informações confidenciais durante uma disputa com colegas e enquanto sofria de depressão "para dar um tapa na cara da embaixada", pois não se sentia bem tratado.
Smith foi extraditado para o Reino Unido em abril de 2022. Durante o julgamento, se disse arrependido: "Agora que tive um ano e meio para olhar para trás, estou enojado comigo mesmo e envergonhado do que fiz", afirmou. O juiz classificou a declaração como "nada mais do que autopiedade".
"O senhor foi pago pelos russos por sua traição", disse o juiz, rejeitando a alegação de Smith de que sentia "remorso". As acusações pelas quais foi condenado concerniam sua conduta entre 2020 e 2021, mas Wall observou que as "atividades subversivas haviam começado dois anos antes".
le/av (Lusa, (AFP, Reuters)