Extinções em massa: entenda como aconteceram e como será a próxima
O planeta Terra, em seus 4,5 bilhões de anos de existência, já passou por pelo menos cinco grandes extinções em massa. Estamos vivendo a sexta?
O planeta Terra, em seus 4,5 bilhões de anos de existência, já passou por pelo menos cinco grandes extinções em massa. Esses momentos são assim chamados quando um grande número de seres vivos deixa de existir. Segundo relato do paleontólogo Mario Cozzuol, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estes fatos aconteceram de forma homogênea em todas as partes do mundo.
"Falamos de eventos em escala global, com uma grande extensão, num tempo geológico relativamente próximo", disse o paleontólogo em entrevista à Folha de SP.
O mais famoso destes eventos aconteceu há 66 milhões de anos, quando um asteroide colidiu com a Terra há e acabou com dinossauros e muitas outras espécies. É o mais recente, porém, cientistas dizem que ele não será o último.
Estamos vivendo a sexta extinção em massa?
Muitos pesquisadores acreditam que, sim, estamos no meio de uma sexta extinção em massa. Ela não é causada por uma rocha gigante atingindo o planeta terra, mas pelo crescimento excessivo e pelo comportamento destruidor dos seres humanos.
Um estudo publicado na revista PNAS sugeriu que grupos de espécies animais relacionadas estão desaparecendo a uma taxa 35% vezes maior do que o esperado. Segundo o co-autor do estudo, Gerardo Ceballos, a sexta extinção em massa pode transformar toda a biosfera, deixando o planeta em um estado que torna impossível a existência humana.
"A biodiversidade irá se recuperar, mas os vencedores (são) muito difíceis de prever. Muitos dos perdedores nestas extinções em massa passadas foram grupos incrivelmente bem-sucedidos", disse Ceballos à CNN.
Ele explica que categorias inteiras de espécies ou gêneros estão desaparecendo e isso afeta ecossistemas inteiros e coloca em perigo a sobrevivência da espécie humana. O golfinho do rio Yangtze e o rinoceronte negro ocidental são alguns exemplos de espécies que foram dizimadas em decorrência da ação humana no planeta.
O estudo avaliou 5.400 gêneros de animais vertebrados, excluindo peixes, e descobriu-se que 73 gêneros foram extintos nos últimos 500 anos. Isto é muito mais rápido do que a taxa de extinção na qual as espécies morreriam naturalmente sem influência externa.
"Na ausência dos seres humanos, estes 73 gêneros teriam levado 18 mil anos para desaparecer", afirmam estudiosos. A perda de uma espécie causa um efeito 'cascata' em todo o ecossistema. Isso explica o aparecimento de diversas doenças que podem levar à extinção em massa.
Ceballos cita como exemplo a extinção do pombo-passageiro, que era a única espécie do seu gênero. A perda da ave, resultado da caça imprudente no século 19, reduziu a dieta humana no leste da América do Norte e permitiu que os ratos de patas brancas, que abrigavam inúmeras bactérias e estavam entre suas presas, crescessem em número assustador.
"Não só as ações destrutivas dos seres humanos têm o potencial de corroer a nossa qualidade de vida a longo prazo, mas os seus efeitos em cascata podem eventualmente prejudicar o nosso sucesso como espécie", diz Ceballos.
Many predictions of how climate change will affect species are based on how individuals in the warmest parts of the species' range fare. But a study of ponderosa pine growth since 1980 suggests that space is not a good proxy for time. In PNAS: https://t.co/AgXiR3Z3Ac pic.twitter.com/J1DVGddkPs
— PNASNews (@PNASNews) December 22, 2023