Família hospitalizada após comer bolo apresenta arsênio no sangue
Três pessoas perderam a vida e outras três foram internadas após consumirem um bolo em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Exames laboratoriais apontaram a presença de arsênio no sangue das vítimas que ingeriram o alimento.
O arsênio, um elemento químico identificado pelo símbolo "As" e número atômico 33, é categorizado como um semimetal. Aparecendo em várias formas no ambiente, é obtido como subproduto da extração de minérios de cobre, cobalto, chumbo, níquel, ouro e zinco. Sua presença está amplamente distribuída na natureza, surgindo tanto de processos naturais como poeiras vulcânicas quanto por atividades humanas, como mineração e queima de carvão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o arsênio é considerado uma das dez substâncias químicas que mais preocupam em termos de saúde pública. A exposição ao arsênio pode acarretar sérios problemas de saúde, incluindo intoxicação alimentar, alergias, câncer com exposição crônica, e até mesmo a morte. Desta forma, entender como o arsênio é liberado e seus efeitos é crucial para prevenir danos maiores à saúde humana.
Exame aponta a presença de arsênio no sangue de 3 pessoas que comeram um bolo em Torres, no Rio Grande do Sul. O composto tóxico estava no corpo de uma pessoa morta e de dois sobreviventes - principalmente no sangue da mulher que fez o bolo e está viva. pic.twitter.com/PsFweCghyX
— Renato Souza (@reporterenato) December 27, 2024
Quais são os compostos derivados do arsênio?
O arsênio, em si, não é um elemento necessário para o organismo humano. Entretanto, ele forma diversos compostos, que podem ser orgânicos ou inorgânicos. Os compostos orgânicos de arsênio geralmente estão presentes em frutos do mar e são menos prejudiciais ao organismo, sendo eliminados mais facilmente. Por outro lado, os compostos inorgânicos, como o trióxido de arsênio (também conhecido como arsênico), são altamente tóxicos e representam um risco maior de contaminação.
O arsênico é frequentemente utilizado em pesticidas devido ao seu potente efeito tóxico. Ele é incolor e inodoro em sua forma pura, o que dificulta sua detecção sem equipamentos específicos, tornando-o especialmente perigoso. Apesar disso, em contextos controlados, o arsênico tem utilidade em tratamentos médicos, como no tratamento de leucemia promielocítica aguda, comercializado sob o nome Trisenox.
Como ocorre a exposição ao arsênio?
A exposição ao arsênio inorgânico pode ocorrer por diversos meios, alguns mais comuns que outros. Entre as formas mais frequentes de exposição estão:
- Consumo de água que contém níveis naturalmente elevados de arsênio inorgânico.
- Consumo de alimentos preparados com água contaminada com arsênio.
- Plantações irrigadas com fontes de água que possuem altos níveis do elemento.
Estes cenários são preocupantes, pois a contaminação por arsênio pode afetar tanto o suprimento de água potável quanto a cadeia alimentar, levando a consequências graves para populações inteiras.
A toxicidade do arsênio torna-o um risco significativo à saúde pública em várias partes do mundo, especialmente em regiões onde a geologia natural aumenta a concentração de arsênio em fontes de água. A OMS destaca estes riscos como uma prioridade para a saúde global, promovendo ações para monitoramento e diminuição da exposição humana a este elemento.
Além dos riscos diretos à saúde humana, o arsênio também impacta o meio ambiente, contaminando solos e ecossistemas aquáticos, o que pode resultar em perda de biodiversidade e degradação ambiental. Dessa forma, medidas contínuas de controle e mitigação são necessárias para proteger tanto o meio ambiente quanto a saúde humana.