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Finlândia e Suécia solicitam formalmente adesão à Otan

Decisão marca reviravolta na política de defesa dos dois países e encerra décadas de não alinhamento militar

18 mai 2022 - 05h20
(atualizado às 07h54)
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Sauli Niinistö, presidente da Finlândia, e Magdalena Andersson, primeira-ministra da Suécia, em coletiva de imprensa em 17 de maio
Sauli Niinistö, presidente da Finlândia, e Magdalena Andersson, primeira-ministra da Suécia, em coletiva de imprensa em 17 de maio
Foto: DW / Deutsche Welle

Motivada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, decisão marca reviravolta na política de defesa dos dois países e encerra décadas de não alinhamento militar. Parlamentos dos 30 países-membros da aliança precisam dar aval.A Finlândia e a Suécia solicitaram formalmente nesta quarta-feira (18/05) sua adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma decisão motivada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e que encerra décadas de não alinhamento militar.

O passo dado por ambos países, que se mantiveram neutros durante a Guerra Fria, é uma das mais significativas transformações na arquitetura de segurança na Europa em décadas e reflete uma mudança radical da opinião pública desde a investida russa contra a Ucrânia.

"Este é um momento histórico, que devemos aproveitar", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, numa breve cerimônia em que os embaixadores da Suécia e da Finlândia na aliança militar entregam suas solicitações de ingresso.

"Acolho calorosamente os pedidos da Finlândia e da Suécia para aderir à Otan. Vocês são nossos parceiros mais próximos, e sua adesão à Otan aumentará nossa segurança compartilhada", disse Stoltenberg. A aliança militar considera que a adesão da Finlândia e da Suécia irá fortalecê-la no Mar Báltico.

A Finlândia e a Rússia compartilham diretamente 1,3 quilômetros de fronteira. A entrada da Finlândia na aliança mais que dobraria a fronteira terrestre entre países-membros da Otan e a Rússia.

O Parlamento da Finlândia aprovou nesta terça, por esmagadora maioria, a entrada do país à Otan. Na véspera, a primeira-ministra Magdalena Andersson anunciou que a Suécia havia tomado a decisão formal de se juntar à Finlândia no pedido de adesão, depois de quase todos os partidos do Parlamento expressarem seu apoio.

Na Finlândia, o apoio da população à adesão do país à Otan saltou de 20% antes da guerra na Ucrânia para quase 80%. Na Suécia, o aval popular passou de 48% no fim de abril para 57%, segundo uma pesquisa do jornal Dagens Nyheter.

Diplomatas afirmaram que a ratificação da entrada de novos membros pode levar até um ano, já que os parlamentos de todos os 30 países que integram a aliança devem aprovar as candidaturas.

Somente após a conclusão do processo de ratificação, a Suécia e a Finlândia se beneficiariam do Artigo 5º do tratado fundador da aliança, de defesa coletiva, que determina que um ataque armado contra uma ou mais membros será considerado um ataque contra todos.

Expansão para o leste

A admissão dos dois Estados nórdicos - que, apesar de seu não alinhamento militar já mantinham relações estreitas com a Otan - significaria a expansão mais significativa da aliança em quase duas décadas.

A Otan foi fundada em 4 de abril de 1949 por 12 países, que incluíam EUA, Canadá, Reino Unido, França e outras oito nações europeias, durante o contexto da Guerra Fria.

Após o fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética, vários países do antigo Pacto de Varsóvia se tornaram membros da Otan. Hungria, Polônia e República Checa aderiram em 1999. Cinco anos mais tarde, em 2004, a Otan aceitou a adesão do chamado Grupo de Vilnius, formado por Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia. A Albânia e a Croácia aderiram em 2009.

As adesões mais recentes foram Montenegro, em 2017, e Macedônia do Norte, em 2020, elevando o número total de países-membros para 30. Bósnia e Herzegovina, Geórgia e Ucrânia são classificados como "membros aspirantes".

Turquia ameaça barrar Finlândia e Suécia

Na segunda-feira, Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, um dos países-membros da Otan, manifestou oposição à adesão da Finlândia e da Suécia à organização. Stoltenberg disse nesta quarta, no entanto, acreditar que as questões possam ser resolvidas.

"Estamos determinados a trabalhar em todas as questões e alcançar rápidas conclusões", disse o secretário-geral, ressaltando o forte apoio de outros países-membros, entre eles a Alemanha e os EUA.

"Não diremos 'sim' àqueles que impõem sanções contra a Turquia para aderirem à organização de segurança Otan", disse Erdogan.

A Turquia acusa a Suécia e a Finlândia de abrigarem grupos terroristas, incluindo militantes curdos considerados ilegais por Ancara, a União Europeia e os Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, a Suécia e a Finlândia não autorizaram 33 pedidos de extradição feitos pela Turquia , disseram fontes do Ministério da Justiça turca à agência oficial de notícias Anadolu.

Analistas especulam que Erdogan não teria a intenção efetiva de barrar a Finlândia e a Suécia, mas que seu plano seria arrancar concessões desses dois países em troca do seu aval. A opinião também é compartilhada por diplomatas ocidentais.

Rússia adverte contra adesão

A Rússia alertou contra a decisão dos governos da Suécia e da Finlândia de avançarem no processo de adesão à Otan, considerando que a reviravolta é "um grave erro".

O presidente russo, Vladimir Putin, disse não ter nenhum problema com a Suécia ou com a Finlândia, mas advertiu que a expansão da estrutura militar em seus territórios exigirá uma reação de Moscou.

Em uma reunião da Organização do Tratado Coletivo de Segurança (CSTO), uma entidade liderada pela Rússia, Putin disse que a expansão da Otan é problemática para Moscou, e que seu país acompanha de perto as ambições da aliança ocidental de aumentar sua influência global.

O vice-ministro do Exterior, Seguei Ryabkov, afirmou que a decisão dos dois países é um "erro grave de consequências abrangentes". "O nível geral das tensões militares vai aumentar", declarou, segundo agências de notícias da Rússia.

"É lamentável que o bom senso esteja sendo sacrificado por ideias fantasmagóricas sobre o que deve ser feito na atual situação."

lf (Reuters, AP, DW, ots)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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