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Flávio Bolsonaro diz que pai foi aconselhado a dar um golpe

"Se o presidente fosse fazer o que essas pessoas queriam, teríamos um ditador aqui", disse o senador em entrevista à revista Veja

19 dez 2021 - 14h01
(atualizado às 14h14)
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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "Zero Um" do presidente Jair Bolsonaro, revelou que o pai foi aconselhado a promover uma "ruptura institucional" perto do feriado de Sete de Setembro, mas que não o fez por não ter "perfil de ditador". A sugestão, segundo ele, era motivada por decisões contrárias ao chefe do Executivo tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Meses depois, porém, o parlamentar diz acreditar que, agora, a relação entre os Poderes está pacificada. "Não há nenhuma possibilidade de meu pai fazer algo fora da Constituição", afirmou em entrevista à revista Veja.

"Tinha conselheiro dizendo que o presidente não devia mais ceder, que o Supremo havia ultrapassado o limite, que acabou", disse o senador, sem revelar quem seriam esses conselheiros.

"Se o presidente fosse fazer o que essas pessoas queriam, teríamos um ditador aqui. Mas esse não é o perfil do meu pai", acrescentou.

O senador Flávio Bolsonaro e o presidente Jair Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro e o presidente Jair Bolsonaro
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil / Estadão

No feriado da Independência, o chefe do Planalto convocou uma multidão às ruas de todo o País e fez discursos de caráter golpista, contestando o Supremo e seus ministros. Referindo-se a Alexandre de Moraes, adotou tom ameaçador: "ou ele se enquadra, ou pede para sair". Dois dias depois, porém, Bolsonaro recuou e, amparado pelo ex-presidente Michel Temer, divulgou a "Declaração à Nação", carta que estabeleceu uma trégua com o magistrado e a Corte.

Segundo "Zero Um", o Sete de Setembro foi o momento de maior tensão do governo até hoje. O presidente, disse Flávio, já estava "saturado" com decisões do Judiciário — descritas pelo senador como "absurdas, tomadas para provocar, desgastar". Este ano, a Corte expediu ordens de prisão e busca e apreensão contra associações, políticos e personalidades aliadas ao presidente da República.

"Não dá para alguém se intitular o salvador da Pátria, como se estivesse defendendo o Brasil de um ditador chamado Bolsonaro", afirmou o senador. Embora ele tenha optado por não citar nomes, os maiores desafetos de seu pai na Corte são os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que encerra nesta sexta-feira, 17, seu mandato como presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

O senador também reagiu às pesquisas eleitorais, nas quais seu pai aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) nas projeções para 2022. Segundo Flávio, os levantamentos são "furada" e não refletem as ruas: "(As pesquisas) são feitas pelos mesmos institutos que, em 2018, diziam que Bolsonaro perdia para todo mundo, e ele se elegeu presidente. Hoje é o mesmo cenário: Bolsonaro continua indo para a rua e sendo bem-recebido — ao contrário de seus adversários, que nem ao menos saem às ruas por medo de como vai ser o julgamento popular".

Bastidores

Na entrevista, Flávio também disse que havia pessoas trabalhando nos bastidores para derrubar seu pai. O senador citou o nome de Rodrigo Maia (sem partido) e afirmou que Maia "tentou atrair ministros do Supremo para um plano que previa criar uma armadilha que levaria ao impeachment do presidente". Segundo Flávio, essa informação chegou até ele por meio de um ministro do Supremo.

Ao Estadão, Rodrigo Maia negou a acusação de Flávio. "Contar mentiras, inventar histórias é algo bem típico da família Bolsonaro. Tal pai, tal filho. Dois imbecis", disse.

Estadão
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